A alta-comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, manifestou no sábado (16) preocupação com a possibilidade de intensificação da crise na Bolívia caso polícia e exército não atuem de acordo com as normas e padrões internacionais de uso da força.
“Estou realmente preocupada com (a possibilidade) de a situação na Bolívia sair do controle caso as autoridades não lidem sensivelmente e de acordo com as normas e padrões internacionais que governam o uso da força, e com total respeito aos direitos humanos”, disse ela em comunicado.
“O país está dividido e as pessoas dos dois lados do espectro político estão com muita raiva. Em uma situação como esta, ações repressivas por parte das autoridades simplesmente aumentarão essa raiva e podem prejudicar qualquer caminho possível rumo ao diálogo.”
Imerso em um caos político após a renúncia do presidente Evo Morales na semana passada, pelo menos 17 pessoas foram assassinadas durante manifestações desde então, cinco na última sexta-feira (15).
Enquanto as mortes anteriores resultaram principalmente de confrontos entre manifestantes rivais, os últimos incidentes parecem ter ocorrido devido ao uso desproporcional da força policial e do exército, disse Bachelet.
A alta-comissária da ONU teme que prisões e detenções generalizadas estejam aumentando as tensões. Mais de 600 pessoas foram detidas desde 21 de outubro, muitas delas nos últimos dias, segundo o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Na semana passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou seu representante Jean Arnault ao país, a fim de procurar uma solução pacífica para a crise.
“Esta situação não será resolvida pelo uso da força e repressão”, disse Bachelet. Segundo ela, “todos os setores têm o direito de fazer ouvir sua voz – esta é a base da democracia”.
Bachelet pediu investigações imediatas, transparentes e imparciais sobre atos que deixaram feridos e mortos, assim como sobre as prisões e detenções que ocorreram devido à crise.
Informações sobre esses incidentes também devem ser disponibilizadas, acrescentou.
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