Enfrentando temperaturas congelantes e bombardeios, mais de 900 mil civis no noroeste da Síria foram forçados a se deslocar para áreas cada vez menores em busca de segurança, disse nesta terça-feira (18) a principal autoridade de direitos humanos da ONU .
“Nenhum abrigo agora é seguro”, disse o porta-voz de Michelle Bachelet, Rupert Colville. “Enquanto a ofensiva do governo continua e as pessoas são forçadas a áreas cada vez menores, ela (Bachelet) teme que mais pessoas sejam mortas.”
Desde 1º de janeiro, o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) confirmou 299 mortes de civis em Idlib, enquanto o governo sírio continua sua grande ofensiva militar para retomar a última área controlada por grupos armados não estatais da oposição.
“Cerca de 93% dessas mortes foram causadas pelo governo sírio e seus aliados”, explicou Colville. Os 7% restantes foram atribuídas a grupos armados não estatais.
Mais de 80% das mortes atribuíveis às forças do governo e seus aliados — 246 de 299 — ocorreram após ataques aéreos, acrescentou o porta-voz do ACNUDH.
Bachelet manifesta “horror” à medida que a crise se aprofunda
Em comunicado, a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos expressou seu “horror” com a escala da crise.
Ela lembrou que mulheres e crianças vivendo sob lençóis de plástico estão sendo atingidas por ataques, observando que aqueles que fogem dos combates estão sendo “espremidos” em áreas cada vez menores.
“Eles simplesmente não têm mais para onde ir”, acrescentou.
Acusações de crimes de guerra
Questionado sobre se os ataques a civis e instalações médicas violavam as normas internacionais, Colville destacou sua “grande quantidade” nos quase nove anos de conflito.
Outras instituições nomeadas pela ONU tinham os meios para investigar esses ataques e garantir justiça às vítimas, observou ele, como a Comissão Independente de Inquérito sobre a Síria — que foi criada e reporta regularmente ao Conselho de Direitos Humanos — e o Mecanismo International, Imparcial e Independente, estabelecido pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 2016.
“A grande quantidade de ataques a hospitais, instalações médicas e escolas sugere que estes não podem ser acidentais”, disse Colville. “No mínimo, mesmo que sejam acidentais, isso mostra falta de proporcionalidade, necessidade, precaução e assim por diante, os quais podem contribuir para que algo seja atribuído como crime de guerra.”
UNICEF alerta para necessidade de apoio às crianças sírias
Em meio à ofensiva do governo sírio no noroeste da Síria — o último bastião dos grupos armados não estatais da oposição — o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que das 4 milhões de pessoas que vivem no noroeste do país, pouco mais de 2 milhões são crianças.
“Praticamente todas as crianças, até 1,8 milhão delas, precisam de assistência humanitária”, disse a porta-voz Marixie Mercado.
Ela acrescentou que das mais de 900 mil pessoas forçadas a fugir da crescente violência, “mais de meio milhão são crianças — ao menos 525 mil — deslocadas à força no noroeste da Síria desde 1º de dezembro. Pelo menos 77 crianças foram mortas ou feridas apenas em janeiro. O saldo é de 28 crianças mortas e 49 crianças feridas.”
Acompanhando a avaliação da diretora-executiva da UNICEF, Henrietta Fore, de que a situação no noroeste da Síria se tornou “insustentável”, Mercado reiterou o pedido da agência pelo fim da violência.
“Pedimos a cessação imediata das hostilidades e o fim da guerra na Síria de uma vez por todas, e pedimos que todos os trabalhadores humanitários sejam capazes de responder às enormes necessidades em conformidade com o Direito Internacional Humanitário”, disse ela.
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