Ações para salvar vidas de mães, atender a demanda mundial de contracepção e combater a violência baseada em gênero contra mulheres e meninas até 2030. Estes são os principais objetivos da Cúpula de Nairóbi CPID25, que começa nesta terça-feira (12).
O evento tem lugar 25 anos depois da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CPID). Em 1994, 179 países fizeram um chamado ao empoderamento de mulheres e meninas em todas as esferas de suas vidas, incluindo a saúde sexual e reprodutiva.
O Brasil estará representado nos três dias de encontro com integrantes dos Ministérios da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; da Saúde e das Relações Exteriores, além de representantes da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento (REBRADP), Rede de Juventude Indígena (Rejuind) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo a representante auxiliar do Fundo de População da ONU no Brasil (UNFPA), Júnia Quiroga, o foco do evento será alcançar três objetivos até 2030: o fim das mortes maternas evitáveis, o fim da violência contra mulheres e meninas e o fim das necessidades não atendidas de contracepção – quando mulheres querem evitar a gravidez, mas não têm acesso a contraceptivos e informações. “Haverá uma profunda reflexão sobre os avanços conquistados nos últimos 25 anos e sobre o que precisamos fazer para cumprir o programa de ação do Cairo. Esperamos que o Brasil possa reafirmar seus compromissos com esses três pontos em particular”, afirmou.
A delegação brasileira inclui a secretária da Associação Latino-americana de População (ALAP), Jackeline Romio, que falará sobre feminicídio e equidade racial. “É possível zerar a violência baseada em gênero ao levar em consideração as especificidades das mulheres negras”, defendeu Jackeline.
A jovem indígena Rayanne França representará a Rede de Juventude Indígena do Brasil em um painel sobre mudanças climáticas e adaptação. “Espero posicionar a voz da juventude indígena, principalmente de mulheres e jovens indígenas, pensando na perspectiva destes povos em relação ao acesso a direitos”, afirmou Rayanne. Ela pertence ao povo Baré, grupo indígena do Amazonas.
A Cúpula deve reunir no Quênia seis mil pessoas, entre funcionários do alto-escalão do governo – incluindo chefes de estado -, parlamentares e representantes de organizações não-governamentais, jovens e líderes empresariais e religiosos, intelectuais, ativistas e acadêmicos de 160 países. A expectativa é anunciar compromissos financeiros e programáticos, políticas e outras iniciativas visando alcançar as metas estabelecidas em 1994. Até agora, foram feitos mais de mil compromissos.
Para Arthur Erken, diretor de Comunicações e Alianças Estratégicas do UNFPA, ainda há muito a fazer para alcançar as metas estabelecidas há 25 anos. “Devemos redobrar nossos esforços para disponibilizar contraceptivos modernos para todas as pessoas que os queiram e os necessitem, melhorar a atenção à saúde materna e proteger as mulheres e meninas da violência baseada em gênero e das práticas nocivas como matrimônio infantil e a mutilação genital feminina”, afirmou.
Estima-se que 232 milhões de mulheres queiram evitar a gravidez mas não estão usando métodos contraceptivos modernos. Além disso, a cada ano 33 mil meninas são forçadas a se casar e outras 4 milhões são submetidas a mutilação genital.
Os governos do Quênia e da Dinamarca e o UNFPA, a agência líder das Nações Unidas no âmbito da saúde sexual e reprodutiva, organizam esta Cúpula, que acontece entre 12 e 14 de novembro em Nairóbi. O encontro tem como objetivo mobilizar a vontade política e os compromissos financeiros necessários para implementar integralmente o Programa de Ação acordado por 179 governos em 1994, durante a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, e confirmado por unanimidade em uma declaração política em 2019.
Saiba mais: nairobisummiticpd.org
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