Segundo diversos especialistas, o Brasil – e em especial, o Sudeste – pode enfrentar uma crise hídrica similar a que o país passou em 2014
A falta de chuvas de verão no país e a chegada do inverno podem gerar situações de desabastecimento de água em plena crise do coronavírus. Desde 2014, não houve recuperação dos índices dos reservatórios no Rio e em São Paulo, e a situação é preocupante.
No Rio Grande do Sul, 386 cidades declararam estado de emergência por causa da água. 60 em Santa Catarina. No Rio de Janeiro, a influência da chamada alta pressão derrubou o nível de chuvas nesse ano, afirmam especialistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem). A queda dos índices dos reservatórios da CEDAE já são uma realidade.
Em São Paulo, o índice de chuvas esperado para março é de 178,8 mm. Em 2020, choveu 88,6, quase metade do aguardado. Em abril, o normal seria 86,6 mm. Foram 2,2 mm de chuva. Em maio, em que o índice é de 77,2 mm, somente 11,5mm precipitaram. Apesar de o nível do Cantareira estar estável, por enquanto, a tendência é que ele seja reduzido no inverno e chegue às proporções de 2014, conforme mostra reportagem da Deustche Welle. Níveis preocupantes também foram encontrados no Paraná.
A Sabesp considera que a situação em São Paulo esteja sob controle. Entretanto, tem sofrido críticas de especialistas. “Os sistemas de abastecimento, em geral, só estão preocupados com a água saindo da represa, sendo tratada e distribuída. É preciso olhar para a produção de água na bacia hidrográfica, aquela produção que vai manter o reservatório cheio e com boa vazão. Isso significa conservar os lençóis freáticos, diminuir a erosão no entorno dos rios e dos reservatórios. Deveríamos conservar todo o ambiente produtor de água e não pensar apenas na produção como pensam as empresas [de abastecimento]”, afirmou o geógrafo Luiz de Campos Júnior.
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Previsão
O professor Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas, reiterou a importância de se preparar para um ano de escassez, ao Globo, em janeiro:
“Tudo indica que este será um ano atípico e crítico para a disponibilidade de água”, afirmou.
O fantasma da crise hídrica volta a nos rondar. E os governos parecem ter esquecido o problema, desde 2014.
“O risco de escassez hídrica no Brasil é real. Como não se sabe o quão ruim uma seca pode se tornar, todo governo responsável deve assumir que uma escassez de água ocorrerá e, portanto, se preparar para ela. Infelizmente, assim que uma crise passa, com um ou dois anos de chuva, os governos tendem a ignorar a questão, direcionando foco e financiamento em outros setores”, afirmou o especialista e pesquisador norte-americano Seth M. Siegel.
Fonte: Hypeness .
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