A notícia de uma funcionária de uma padaria que foi violentamente espancada por um cliente ao pedir que ele usasse a máscara me deixou furiosa.
Aconteceu na sexta-feira, 11 de junho, em Palmares Paulista , cidade de 13 mil habitantes em SP. A atendente Adriana Araújo da Silva, 38 anos, trabalhava normalmente numa padaria, onde ganhava um salário mínimo.
Um cliente que ela não conhecia, Márcio Roberto Rodrigues, 45 anos, entrou no estabelecimento com a máscara no queixo, contrariando as determinações do município (a padaria tinha uma placa na entrada dizendo que o uso de máscara era obrigatório). Adriana pediu para que Márcio pusesse a máscara corretamente.
Como se vê num vídeo , ele jogou o que estava no balcão em cima dela. Em seguida, foi entrando no balcão. Adriana saiu, enquanto pedia ajuda no celular. Márcio lhe deu uma rasteira e ela caiu. Quando tentou se levantar, Márcio a chutou e quebrou o braço dela.
Mas não parou aí. Adriana correu cerca de 100 metros para uma casa que estava com o portão aberto, para tentar se refugiar. Márcio a seguiu. O dono da casa mandou que os dois saíssem. Correndo, com o braço quebrado, ela conseguiu chegar a uma outra padaria. Márcio então agrediu o dono da padaria. Desesperada, Adriana sentou na calçada. Márcio bateu a cabeça dela no seu joelho.
Como se pode ver neste vídeo , um rapaz tentou intervir, segurando um bastão. Márcio continuou gritando e ameaçando. Uma moradora abraçou Adriana e a levou para dentro de sua casa. Só com a chegada da polícia Márcio foi contido.
Adriana diz que achou que iria morrer. Ela conta: “Quero justiça. Quero que ele seja preso e pague por tudo, inclusive pela minha cirurgia”. Ela teve que colocar uma placa de metal no braço.
Na delegacia, já com a presença de uma advogada, Márcio foi liberado sem prestar depoimento. Só após a repercussão do caso é que a polícia decidiu abrir um inquérito contra ele, e mesmo assim, só por lesão corporal, não por tentativa de homicídio (ou feminicídio, se for considerado que ele atacou Adriana por ser mulher).
Não precisamos nem discutir sobre quem Márcio votou nas eleições. Um covarde agressor de mulheres e hoje negacionista da pandemia teve um candidato único em 2018. Nunca falha.
Conversei online com um morador da cidade que, por motivos óbvios, não quer ser identificado. Ele me contou que a rua estava repleta de gente e ninguém fez nada, e que não foi a primeira vez que Márcio se envolve em brigas, que isso acontece todo ano, mas foi a primeira vez que ele agrediu uma mulher em público. Nunca deu em nada, porque sua família é tradicional, embora não poderosa. O morador contou que Márcio é cristão fervoroso, “que usa o nome de Deus pra tudo”, e que não tem problemas mentais.
O morador também relatou que Adriana está bem, na casa dela, se recuperando da cirurgia, e ainda traumatizada e em choque. “Tudo que todos nós esperamos é que isso não passe em branco”. Márcio saiu da cidade.
Um filho de Adriana escreveu um post revoltado (com razão) na sua página no Facebook, compartilhando a foto do agressor e perguntando: “Cadê a droga do povo que vive comentando foto e curtindo as fotos da minha mãe??? Tão onde agora?”
Este tipo de violência gratuita e covarde parece ter crescido muito no Brasil de Bolsonaro. Espero que Adriana tenha um advogado e que Márcio Roberto Rodrigues seja exemplarmente punido com prisão e indenização. Toda sororidade a Adriana!
O post “BOLSONARISTA ESPANCA FUNCIONÁRIA DE PADARIA PORQUE ELA COBROU USO DE MÁSCARA” foi publicado em 16th June 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva