Ontem o Brasil teve 1.910 mortes em 24 horas, um recorde. O cientista Miguel Nicolelis acredita que já já o país pode registrar 3 mil mortes por dia.
“Temos no país a reunião de todas as variantes de coronavírus, inclusive as nossas próprias. Essa é a bomba relógio. Se você foi contaminado com a variante inicial brasileira, os anticorpos que você desenvolveu são nove vezes menos eficientes para combater a nova variante amazônica. […] Nós vamos entrar numa situação de guerra explícita. Nós podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI em nossas mãos”, explica Nicolelis , que coordenou ao longo da pandemia o Comitê Científico do Consórcio Nordeste para a covid-19.
Além disso, Nicolelis adverte que o Brasil é uma ameaça pro mundo, um laboratório a céu aberto para o vírus proliferar, criando mutações ainda mais letais. O planeta inteiro deveria se posicionar contra Bolso, que se tornou o inimigo público número 1 na pandemia.
Esta também parece ser a opinião de um jornal respeitado internacionalmente. Um ano depois, estamos pior que nunca, afirma o New York Times . Nenhum outro país afetado tão severamente pela covid ainda está apresentando os recordes de contaminações e mortes que o Brasil vem ostentando.
Estudos preliminares apontam que a nova cepa do vírus que varreu Manaus não só é mais contagiosa, como pode reinfectar quem já pegou e conseguiu se recuperar da covid. Esta variante já não está restrita ao Brasil. Foi detectada em quase trinta países. E, sem que o mundo inteiro esteja seguro, os países ricos também não ficará. Como diz a pesquisadora Ester Sabino, “Você pode vacinar toda a população e controlar o problema por um curto período se, em outro lugar no mundo, uma nova variante surgir. Ela chegará lá um dia”.
O divulgador científico e doutor em microbiologia Atila Iamarino avisa que há boas notícias em relação a novas vacinas — mas não pro Brasil, que está no fim da fila para a aquisição de qualquer imunizante. Ele explica também que o recorde de mortes que vemos hoje ainda são resultado da falta da responsabilidade da população no Natal e Reveillon. A conta do carnaval ainda está pra chegar. E, mais assustador ainda: se o país tivesse passado pelo que Manaus passou até aqui, o Brasil teria 900 mil mortes, em vez das já absurdas 260 mil.
Atila já chama o momento de Ano I, sugerindo que nosso país ainda sofrerá vários anos com a pandemia.
Pedro Hallal, doutor em epidemiologia e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, um dos dois professores ameaçados com processo administrativo por criticarem Bolsonaro, diz: “Se a gente tivesse que elencar uma única medida que ajudaria a resolver os problemas, é trocar o comando do País. Se a gente tivesse alguém no comando do País que, minimamente, ouvisse a opinião dos pesquisadores, o Brasil jamais teria chegado a mais de 250 mil mortes. Três de cada quatro mortes teriam sido evitadas se o Brasil tivesse um desempenho do enfrentamento à pandemia igual à média mundial. Não estou dizendo ser igual à Nova Zelândia, é se a gente fosse igual a média. Isso dá uma noção da dimensão do quão fracassada é a política do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia”.
Para o governador do Maranhão Flavio Dino , “este é o pior momento da história do Brasil”. Ele crê que “os livros de história contarão isso daqui algumas décadas”.
E aquela história que o combo BolsoGuedes ainda não se cansou de contar? Aquela que diz que a economia deve vir em primeiro lugar, que fome e miséria são piores que o vírus, que medidas restritivas sufocam o país? Bem, o PIB do Brasil caiu 4,1% em 2020 em relação a 2019 (ano sem pandemia, e já com um pibinho de 1,1%). Foi o terceiro maior tombo da história. O governo genocida finge ignorar que países que controlaram melhor a pandemia tiveram a economia menos afetada. Ou seja, aqui foram 260 mil mortes e economia falida. Uma administração incompetente em todos os campos — menos naquele de matar gente.
Eu tenho uma certeza: se Haddad fosse presidente, não teríamos tantos brasileiros mortos por covid. Aliás, tenho duas certezas: com um professor no poder, o Brasil poderia ser líder de fabricação de vacinas na América Latina (sabe quem vai ficar com esse posto, não sabe? Cuba — que promete doar 100 milhões de doses das vacinas que eles estão desenvolvendo para a América Latina e África). Com Haddad, e talvez até com qualquer um que não fosse o genocida, o Brasil não seria aterro sanitário de cloroquina que os EUA mandam pra cá.
Amanhã Fortaleza entra em lockdown até o dia 18 de março. Muitas outras grandes cidades no Brasil trilharão o mesmo caminho, na tentativa de evitar o colapso total. Eduardo Paes, prefeito do Rio, do DEM, partido da base de sustentação de Bolso, disse que as novas medidas restritivas são para “evitar que se repita o genocídio de 2020”. Com a letargia do governo federal, é só no dia 18 que o novo auxílio emergencial (uma mixaria entre R$ 125 e 375) começará a ser pago.
E o país continua sem plano. Bom, pelo menos sem um plano de conter a pandemia. Plano de genocídio parece que Bolso e seus sinistros já definiram faz tempo.
Mas discordo do Atila quando ele sugere que a nova cepa do vírus, mais letal e mais contagiante, deve se chamar Variante Brasil. O nome deveria ser Variante Bolsonaro, como propõe o Cris Vector .
O post “BOLSO, PERIGO PARA O MUNDO” foi publicado em 4th March 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva