Estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revela que o programa de monitoramento e alerta de desmatamento desenvolvido dentro do órgão é 2,9 vezes mais efetivo do que o mesmo serviço prestado pela empresa privada americana Planet, com quem o Ministério do Meio Ambiente pretende firmar contrato, e 29,8 vezes mais barato.
O trabalho, divulgado esta semana , compara os resultados de alertas produzidos pelo DETER e pelo sistema DFLORA da Santiago e Cintra Consultoria (SSCON), representante da Planet no Brasil, entre janeiro e dezembro de 2018, quando ambos os programas rodaram simultaneamente no Estado do Pará.
Coordenado por pesquisadores do Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais do INPE, o estudo buscou responder a duas perguntas principais: qual dos dois sistemas foi mais efetivo na produção de informações de Alerta para ações de fiscalização e qual dos dois sistemas teve melhor relação custo-efetividade.
O resultado encontrado mostrou que o DETER detecta 290% mais área de Alertas do que o DFLORA e que 76,2% da área de alerta detectada pela empesa privada também foi detectada pelo sistema do INPE, enquanto que o contrário (área de alerta detectada pelo INPE também coberta pela Planet) foi de apenas 23,8%.
“O DETER foi 2.90 vezes mais efetivo na observação de áreas com cicatriz de queimada, degradação florestal, corte seletivo e corte raso que o DFLORA, no período de janeiro a dezembro de 2018 para o estado do Pará”, diz o estudo.
Já em relação ao custo, o trabalho mostrou que o valor monetário pago por km² de área detectada pelo DFLORA-SSCON foi 29,80 vezes mais caro que o valor monetário pago por km² de área detectada pelo DETER-INPE.
“Os resultados numéricos mostram, de maneira inequívoca, que a narrativa criada sobre a necessidade de melhor resolução espacial e melhor resolução temporal para melhorar a eficiência das ações de fiscalização, não está amparada nos números […] Os resultados deste estudo sustentam claramente que não existe nenhuma evidência de base técnica ou científica para a polêmica iniciada, em 2019, no MMA”, diz trecho do estudo.
A polêmica citada no trabalho refere-se ao uso de imagens da Planet pelo Ministério do Meio Ambiente, em meados de 2019, para contrapor captações feitas pelo Deter e exibir o que o mandatário da pasta ambiental, Ricardo Salles, chamou de “imprecisões” nas medições feita pelo INPE . Tais imprecisões, no entanto, nunca foram comprovadas.
A partir do início de 2020 ficou claro que tanto MMA quanto outros setores da administração federal tinham interesse em adquirir uma solução de monitoramento baseada em imagens e serviços oferecidos pela Planet. Atualmente, o Ministério da Defesa tem contrato de R$ 49,7 milhões com a Santiago & Cintra Consultoria para fornecimento de imagens de alta resolução e serviços de monitoramento. O contrato é alvo de investigação no Tribunal de Contas da União.
“Pelos resultados que vimos neste estudo e as inovações já operando e as que virão a frente, quando o assunto são sistemas para o monitoramento e emissão de alertas de desmatamento, ainda é uma boa ideia conversar com técnicos e cientistas do INPE antes de tomar sua decisão”, diz trecho do estudo conduzido por pesquisadores do INPE.
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O post “Alerta de desmatamento do INPE custa 30 vezes menos do que mesmo serviço da Planet” foi publicado em 16th October 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte ((o))eco