Nos solos tropicais, quando degradados, é comum encontrar um pH ácido e isso requer um esforço para melhorar as condições do solo antes do plantio agrícola ou do reflorestamento. Nas regiões da Mata Atlântica em que atuamos é comum encontrar solos degradados com a predominância de uma planta conhecida como samambaia das taperas ou do campo (Pteridium aquilinum e P. arachnoideum). Essa planta é considerada indicadora de pH ácido no solo e para lidar com essas situações nós recomendamos adubação verde.
A samambaia do campo indica solos com PH ácido, não cultivado, típico de áreas que serviam para o corte de eucalipto ou pastagem e agora não servem mais, nem para a produção agrícola e nem para o pastoreio de animais. Isso porque estas plantas, são tóxicas. Segundo a professora Ana Primavesi em seu livro “Algumas plantas indicadoras: como reconhecer os problemas do solo” , além de demonstrarem um empobrecimento do solo, com baixas quantidades de matéria orgânica, excesso de alumínio e deficiência de cálcio estas plantas podem causar intoxicação e até hemorragias em humanos e nos animais.
Essas samambaias são espécies invasoras de difícil controle, comuns em pastagem degradada. Além de representarem perigo para a saúde tanto de animais quanto da espécie humana contaminam solo e águas, pelo processo de lixiviação, em áreas infestadas, constituindo-se em fator de risco ambiental. Por isso é importante recuperar o solo dominado pela samambaia do campo por meio da técnica agroecológica da adubação verde.
Adubação verde
Esta é uma técnica milenar e mais barata do que a correção de pH realizada por meio de calcário e gesso agrícola (calagem e gessagem). A adubação verde consiste no plantio de espécies cujos seus efeitos de “melhoramento” do solo já são tradicionalmente conhecidos. Elas agem na incorporação de biomassa como fonte de matéria orgânica, por meio de simbioses com micro-organismos nas suas raízes para fixação de nitrogênio ou disponibilização de fósforo, entre outras funções. As plantas de adubação verde podem ser leguminosas, como favas, tremoço, feijões e até mesmo nabos e gramíneas como aveias e milheto.
Para as realidades encontradas em solos degradados da Mata Atlântica, assim como em outros solos tropicais, com predominância de samambaia do campo ou das taperas, recomendamos espécies de adubação verde que possuem alta adaptabilidade em solos ácidos ou com alta saturação por alumínio.
Uma dessas espécies que recomendamos é a Calopogônio (Calopogonium mucunoides), uma leguminosa forrageira nativa dos trópicos brasileiros. Esta espécie possui como uma das suas principais características a capacidade de vegetar satisfatoriamente em condições de acidez elevada e de baixa fertilidade natural de solos, além de apresentar alta tolerância ao alumínio. É uma planta reconhecida ainda por sua tolerância à seca e por apresentar potencial de uso como adubo verde. Para saber mais acesse o artigo publicado na Revista Pasturas Tropicales.
Outras espécies podem ser recomendas como a crotalária ocroleuca e o feijão-bravo do-ceará, pois ambas são bem rústicas e se adaptam bem a solos com pouca fertilidade e com presença de alumínio. Ambas são resistentes à seca, mas não são resistentes à geada. No inverno quando podem ocorrer as geadas, recomendamos o plantio da aveia-preta, uma planta rústica, tolerante à seca, de crescimento rápido e tolerante a solos com alta acidez.
O post “Adubação verde para recuperar solos ácidos e degradados com samambaias do campo” foi publicado em 16th October 2020 e pode ser visto originalmente na fonte Futuro com floresta