A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) recebeu, na última sexta-feira (10), a Taça Olímpica do Comitê Olímpico Internacional (COI) por seu trabalho de apoio a refugiados e comunidades de acolhida por meio do esporte e pela promoção dos valores olímpicos em todo o mundo.
A Taça Olímpica foi criada em 1906 por Pierre de Coubertin, fundador do COI e pai do movimento olímpico moderno. Desde então, ela é concedida anualmente a uma organização que “prestou serviços diferenciados ao esporte ou contribuiu com sucesso para a promoção dos ideais olímpicos”.
Ao aceitar o prêmio, o alto-comissário do ACNUR, Filippo Grandi, disse que “este prêmio é uma homenagem que quero compartilhar com todos os meus colegas que se esforçaram para trazer oportunidades para as pessoas deslocadas através do esporte, mesmo nas mais desafiadoras circunstâncias, em todo o mundo.”
“E, é claro, é uma homenagem às pessoas que foram forçadas a se deslocar, bem como a comunidades que o ACNUR atende, que sabem do poder transformador do esporte e aproveitaram as oportunidades que lhes foram oferecidas.”
O presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que “o ACNUR tem sido um firme defensor dos valores olímpicos. O compromisso do COI e de todo o movimento olímpico em apoiar refugiados se baseia em nossa crença fundamental no poder do esporte para tornar o mundo um lugar melhor.”
Ele acrescentou ainda que “o ACNUR compartilha nossa crença no esporte como uma força para o bem no mundo. Para crianças e jovens afetados pela guerra ou pela perseguição, o esporte é muito mais que uma atividade de lazer. É uma oportunidade de ser incluído e protegido – uma chance de cura, desenvolvimento e crescimento.”
O esporte é um pilar crucial da missão do ACNUR de proteger e capacitar crianças e jovens deslocados, além de promover a inclusão social e as boas relações com as comunidades de acolhida.
“O esporte não se trata apenas dos benefícios físicos”, disse Grandi. “É uma forma de fomentar o bem-estar físico e mental, o trabalho em equipe, a amizade e o respeito, e promove a compreensão e as relações positivas entre refugiados e aqueles que os acolhem. A parceria do ACNUR com o COI, na tentativa de atingir esses objetivos, é efetiva e bastante estimada.”
Refugiados do mundo todo foram contagiados pelo espírito olímpico em 2016, quando uma equipe de dez atletas refugiados participou dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, enquanto outros dois competiram nos Jogos Paraolímpicos.
Desde o Rio, os atletas refugiados participam Jogos Asiáticos de Artes Marciais e Recinto Coberto de 2017 no Turquemenistão, no Campeonato Mundial de Atletismo de Londres em 2017 e em inúmeros outros eventos a nível regional, nacional e internacional.
Durante a 133ª sessão do COI em Buenos Aires em 2018, o comitê decidiu aproveitar o legado do Rio e estabelecer uma segunda equipe olímpica de refugiados do COI para participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Isso garante continuidade ao compromisso do COI de desempenhar um papel nos esforços para lidar com a crise global de refugiados e transmitir uma mensagem de solidariedade e esperança a milhões de refugiados em todo o mundo.
Cinquenta atletas refugiados bolsistas do COI, que residem em 20 países e representam 11 esportes estão trabalhando para conseguir uma vaga nas Olimpíadas e aguardam o anúncio da composição final da equipe de refugiados dos Jogos de Tóquio, que será anunciada em junho. As disciplinas incluem atletismo, badminton, boxe, ciclismo, judô, karatê, carabina, natação, taekwondo, levantamento de peso e luta greco-romana.
Yiech Pur Biel, refugiado sul-sudanês que competiu nos 800 metros no Rio e que está de olho em uma segunda aparição olímpica em Tóquio, disse: “O apoio que tive ao longo dos anos do ACNUR e do COI foi incrível. Isso me deu a chance de ter sucesso como atleta, me levou para novos países e me trouxe novos amigos.
“Como resultado, realizei muitos dos meus sonhos e continuo a perseguir mais. Eu adoraria ver todos os refugiados – meninos e meninas, homens e mulheres – terem a chance de participar de diferentes tipos de esportes, não importa onde estejam no mundo”, acrescentou.
Yusra Mardini, que também competiu no Rio como nadadora – e cuja perigosa jornada como refugiada a tornou conhecida em todo o mundo-, disse que “o esporte literalmente salvou minha vida, por isso acredito firmemente que todos deveriam ter a chance de participar de alguma forma de esporte. O esporte tem benefícios que vão muito além da saúde: liberta sua mente de todas as suas preocupações, faz você se definir metas pessoais, ensina o respeito pelos outros e ajuda a se relacionar com estranhos.”
“Como Embaixador da Boa Vontade do ACNUR, eu adoraria ver todos os refugiados envolvidos no esporte e, por isso, o trabalho do ACNUR e do COI é de valor inestimável.”
A parceria do ACNUR com o COI se estende a mais de um quarto de século. As duas organizações estabeleceram um Acordo de Cooperação em 1994 e, desde então, trabalham juntas em mais de 50 países para oferecer oportunidades aos refugiados por meio do esporte, desde a base até a elite.
Em 2017, o COI lançou a Fundação Olímpica de Refúgio, que visa criar instalações e programas esportivos seguros, básicos e acessíveis para jovens refugiados, jovens deslocados à força e suas comunidades de acolhida. A fundação é presidida por Bach, com Grandi como vice-presidente.
No mês passado, no Fórum Global sobre Refugiados em Genebra, o ACNUR e o COI anunciaram uma nova Coalizão Esportiva para oferecer aos jovens refugiados oportunidades através do esporte, aumentando seu acesso a instalações, eventos e competições em todos os níveis.
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