DO OC – A fumaça de incêndios florestais provocados pelo aquecimento do planeta será diretamente responsável por 1,4 milhão de mortes por ano ao fim deste século, ou seis vezes a média atual. A maioria das vítimas será de países pobres, especialmente os da África subsaariana.
A estimativa, que considera um cenário em que as atuais tendências de emissões de gases estufa são mantidas, consta de estudo conduzido por pesquisadores da universidade de Tsinghua (China) e publicado nesta quinta-feira (18) pela revista Nature.
“As projeções mostram um aumento acentuado nas mortes prematuras devido à fumaça de incêndios florestais, atingindo 1,4 milhão anualmente durante 2095–2099, aproximadamente seis vezes mais alto que os níveis atuais”, diz o relatório, em um trecho.
O trabalho levou em conta dados a respeito de áreas queimadas do Global Fire Emissions Database (GFED), além de registros de fatores climáticos compilados pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas em Médio Prazo (ECMWF).
As informações ajudaram a construir e aprimorar um modelo de aprendizado de máquina destinado a projetar as áreas queimadas em nível global e as emissões de incêndios florestais. Quando submetido à vida real, apontaram os pesquisadores, o sistema foi capaz de reconstruir com sucesso tendências reais verificadas nos últimos anos.
Para as projeções até 2099, o estudo considerou cenários climáticos e a estimativa de biomassa nas áreas potencialmente mais sujeitas ao fogo. Outra modelagem levou em conta a química atmosférica, simulando as concentrações de massa de aerossóis em decorrência dos incêndios.
Por fim, foi feita a correlação com os impactos na saúde. Mais especificamente, da exposição a longo prazo às chamadas PM2.5 (partículas com diâmetro igual ou inferior a 2,5 micrômetros) que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são relacionadas a problemas cardiovasculares, cerebrovasculares (AVC) e respiratórios.
“A mortalidade prematura foi calculada usando o modelo global de exposição à mortalidade (GEMM) para seis causas de morte (doença cardíaca isquêmica, derrame, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, infecções respiratórias inferiores e diabetes tipo II), que têm uma relação causal com a exposição de longo prazo ao PM2.5”, diz o estudo.
O modelo completo revelou que, embora as consequências sejam amplamente disseminadas pelo planeta, quase metade das mortes previstas até 2100 irá se concentrar nos países que ocupam posições entre os 20% mais pobres no ranking do PIB global.
A situação será mais crítica na África, com um aumento projetado de 11 vezes na média anual de mortes relacionadas a incêndios, em grande parte devido ao envelhecimento previsto na população, o que a tornará ainda mais suscetível às consequências da poluição atmosférica.
“A mortalidade relacionada ao PM2,5 proveniente de incêndios mostra padrões persistentes e distintos de desigualdade (…) Isso ocorre porque as atividades de incêndio permanecem concentradas nas regiões tropicais.”
O estudo afirma, no entanto, que os países desenvolvidos (30% superiores do PIB) também irão sofrer com a mortalidade crescente impulsionada pelo “aumento da atividade de incêndios nas latitudes médias do Hemisfério Norte”.
“A Europa e os EUA experimentariam um aumento de uma a duas vezes”, diz o estudo.
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O post “Fumaça de queimadas matará 6 vezes mais até fim do século, diz estudo” foi publicado em 19/09/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima