DO OC – A camada de ozônio, que protege a Terra da radiação ultravioleta do Sol, registra neste ano os seus melhores indicadores em décadas, e o infame “buraco” na Antártida descoberto nos anos 1980 segue a caminho de se fechar no meio do século.
Os dados são de relatório divulgado nesta terça-feira (16) pela OMM (Organização Meteorológica Mundial). Eles mostram que, 38 anos depois de sua ratificação por 198 países, o Protocolo de Montréal, acordo internacional que baniu os poluentes que destruíam o ozônio sobre os polos, segue dando resultados positivos.
O protocolo foi assinado em 16 de setembro de 1987 e, segundo a OMM, “levou à eliminação gradual de mais de 99% da produção e consumo de substâncias que destroem o ozônio”. Entre elas, estão o clorofluorcarbono (CFC), o tetracloreto de carbono (CTC), hidroclorofluorcarbono (HCFC) e brometo de metila.
“Como resultado, a camada de ozônio está agora a caminho da recuperação até meados do século XXI, reduzindo significativamente os riscos de câncer de pele, cataratas e danos ao ecossistema devido à exposição excessiva à UV”, apontou a entidade, em um trecho do relatório.
No Ártico, o estudo identificou que em março de 2024 havia uma camada de ozônio 14% mais espessa do que a média do período de 1960 a 2023 para a região. “Esses altos níveis de ozônio persistiram até o verão e o outono, resultando em uma diminuição da radiação ultravioleta de verão (…) do hemisfério norte na faixa de –5%”, indicou a WMO.
O buraco sobre a Antártida registrou profundidade abaixo da média de 1990 a 2020, o que, de acordo com o relatório, sugere “recuperação contínua do ozônio estratosférico”, apesar de anomalias registradas entre 2020 e 2023.
Em nota à imprensa, o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, qualificou o protocolo como “um marco do sucesso do multilateralismo”.
“Hoje, a camada de ozônio está se recuperando. Essa conquista nos lembra que, quando as nações atendem aos alertas da ciência, o progresso é possível”, afirmou.
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, disse que a recuperação é fruto do “acordo ambiental mais bem-sucedido do mundo”. “A pesquisa científica da OMM sobre a camada de ozônio remonta a décadas. Ela se sustenta na confiança, na colaboração internacional e no compromisso com a troca livre de dados”, afirmou.
História
O primeiro aviso sobre possíveis danos causados pela ação humana à camada de ozônio foi dado em um relatório de 1975. O buraco antártico foi descoberto em 1980. O conhecimento acumulado desde então fundamentou, em 1985, a adoção da Convenção de Viena e, em 1987, a assinatura do Protocolo de Montréal. Em 1995, o mexicano Mario Molina, o suíço Paul Crutzen (pioneiro também no estudo de queimadas no Brasil) e o americano Sherry Rowland dividiram o Nobel de Química por explicar a reação que destruía o ozônio em nuvens antárticas de alta altitude.
“Apesar do grande sucesso do Protocolo de Montréal nas décadas seguintes, esse trabalho ainda não terminou, e continua sendo essencial que o mundo mantenha um monitoramento cuidadoso e sistemático tanto do ozônio estratosférico quanto das substâncias que destroem o ozônio e seus substitutos”, alertou Matt Tully, presidente do Grupo Consultivo Científico da OMM sobre Ozônio e Radiação UV Solar.
O post Camada de ozônio deve estar “curada” no meio do século apareceu primeiro em Observatório do Clima .
O post “Camada de ozônio deve estar “curada” no meio do século” foi publicado em 16/09/2025 e pode ser visto originalmente na fonte Observatório do Clima