DO OC – A onda de calor que afeta a Europa já deixou ao menos oito pessoas mortas, centenas hospitalizadas e levou governos a fecharem escolas e pontos turísticos. As mortes causadas por altas temperaturas foram registradas na Espanha (quatro pessoas), na França (duas) e na Itália (duas). As altas temperaturas provocaram ainda incêndios florestais na Espanha e na Grécia e forçaram o fechamento de um reator nuclear na Suíça.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a quebra de recordes neste período do ano é motivo de preocupação. “A situação é excepcional não apenas em termos de magnitude [das temperaturas], mas também pelo período do ano, já que os episódios de calor extremo como esse tipicamente ocorrem durante o pico do verão”, afirmou o órgão nesta quarta-feira (2/7).
Nesta quinta-feira (3/7), um incêndio na Ilha de Creta , na Grécia, forçou mais de mil pessoas a deixarem suas casas e queimou florestas e plantações de oliveiras. Outro incêndio em um subúrbio da capital, Atenas, forçou o esvaziamento de três áreas residenciais. A principal avenida de ligação entre o subúrbio e o centro de Atenas precisou ser fechada e uma intensa fumaça cobriu a região. Segundo o governo, o risco de novos incêndios persiste para essa sexta-feira (4/7).
No último final de semana, a Agência Estatal de Meteorologia da Espanha registrou temperaturas de 46ºC no sul do país. Das quatro pessoas mortas em consequência do calor extremo, duas foram vítimas de incêndios florestais causados por altas temperaturas na Catalunha. Na terça-feira (1º/7), os incêndios na região destruíram plantações e afetaram uma área de cerca de 40km.
Já a agência francesa Meteo-France emitiu alerta vermelho, de nível máximo — que indica perigo à vida –, para os dias 1º e 2 de julho em 16 departamentos do país. Outros 68 departamentos foram colocados sob alerta laranja (acionado quando o calor intenso dura por três dias e noites consecutivos e ameaça a saúde da população), com temperaturas acima de 40ºC.
Em 30 de junho, a França teve o dia mais quente para o mês já registrado na história. Além das duas pessoas mortas em consequência do calor extremo, 300 foram hospitalizadas no país. Catherine Vautrin, ministra da Saúde e das Famílias, orientou as autoridades locais a continuarem vigilantes em razão do risco à saúde causado pelo calor extremo, especialmente para populações mais vulneráveis. “Nos próximos dias, veremos as consequências, principalmente entre os mais vulneráveis. Estou pensando principalmente nos idosos”, disse .
Na Suíça, a MeteoSwiss também emitiu alerta laranja para a maioria das cidades do país, incluindo Genebra. A usina nuclear de Beznau, a mais antiga em operação no país, precisou desligar uma unidade de reator por conta das altas temperaturas da água no rio Aare, utilizada para resfriar os dispositivos. Na Itália, onde dois homens com mais de 60 anos morreram na praia pelo excesso de calor, alertas vermelhos foram acionados em 18 cidades.
Na Alemanha, há previsão de picos de 40ºC e possibilidade de que a maior temperatura já registrada no país (41,2ºC, em julho de 2019) seja ultrapassada. Mais de 40 distritos restringiram o uso de água, inclusive para a agricultura. O país, assim como a Itália e a França, está ainda sob alerta de tempestades por causa do calor excessivo.
A OMM informou que nesta quinta-feira (3/7) o calor se espalhou para a Europa Central , atingindo Áustria, Bósnia e Herzegovina, Sérvia e Eslovênia, que já estão sob alerta vermelho. Segundo o órgão, a onda de calor na Europa se originou na África e estacionou sobre o continente por causa de um sistema de alta pressão, que criou uma “cúpula de calor” que comprime o ar em direção à superfície.
A OMM destacou ainda a relação do extremo com a crise do clima, lembrando que mais de dois terços das ondas de calor mais severas ocorridas na Europa desde 1950 aconteceram desde os anos 2000.
“O Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra como a frequência e a intensidade de eventos extremos de calor estão aumentando na Europa. Até 2050, cerca de metade da população europeia poderá estar exposta a risco alto ou muito alto de estresse térmico durante o verão, particularmente no sul da Europa e, de forma crescente, no leste, oeste e centro da Europa”, afirmou. O Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês), do serviço climático europeu Copernicus, registrou temperaturas “amplamente acima da média” para esta época do ano no continente. Em comunicado na última terça-feira (1º/7), o órgão afirmou que a maior parte da Europa deve registrar temperaturas bem acima da média nos próximos dias e destacou que o mês de junho teve temperaturas “persistentemente acima da média”, com duas ondas de calor registradas na Europa Ocidental.
A líder estratégica de clima do ECMWF, Samantha Burgess, reforçou a gravidade da onda de calor precoce e sua relação com o aquecimento global. “Nossos dados mostram que muitos europeus têm experimentado temperaturas muito altas desde o início de junho. As temperaturas observadas recentemente são mais típicas dos meses de julho e agosto e tendem a ocorrer apenas algumas vezes a cada verão. As mudanças climáticas estão tornando as ondas de calor mais frequentes, mais intensas e impactando áreas geográficas maiores”, disse.
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O post “Com temperaturas recorde, onda de calor na Europa deixa oito mortos” foi publicado em 03/07/2025 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima