No requerimento, a senadora cita que o Crédito do Trabalhador movimentou mais de R$ 14 bilhões, distribuídos em 25 milhões de contratos. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a maior parcela das operações, 62,66% do total, está concentrada em tomadores que recebem até quatro salários mínimos. Além disso, ela acrescenta que “trabalhadores com contratos antigos de empréstimos consignados poderão migrar para o Crédito do Trabalhador. A estimativa é que existam cerca de 3,8 milhões de contratos antigos, totalizando aproximadamente R$ 40 bilhões, e grande parte desse montante deve ser transferida para a nova modalidade”.
Desconhecimento
Com base em recente pesquisa O real impacto do novo modelo de Crédito Consignado na vida dos brasileiros, da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin) em parceria com o Instituto Axxus de Pesquisas [ligado à Universidade Estadual de Campinas – Unicamp], a senadora fundamenta a importância e a urgência do debate. No requerimento, ela diz que a pesquisa mostrou que a maioria dos tomadores busca o crédito para necessidades emergenciais, como pagar outras dívidas e despesas com saúde, sendo que “quase 70% deles contrataram o crédito sem compreender plenamente o impacto das parcelas em seu orçamento. Mais alarmante, 83% dos pesquisados declararam não saber a taxa de juros que estão pagando, e 54% não receberam qualquer tipo de orientação financeira antes da contratação”.
Damares alega estar preocupada com a diferença de quase 4% ao mês em abril deste ano entre a taxa anunciada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a efetivamente praticada. Segundo ela, o percentual é mais que o dobro das taxas cobradas a aposentados e servidores públicos.
Sem educação financeira
“Essa gritante assimetria de informação e a ausência de educação financeira tornam os trabalhadores vulneráveis a práticas abusivas e ao superendividamento, configurando um comprometimento invisível de um patrimônio de proteção futura. O uso do FGTS e da multa rescisória como garantias levanta alertas sobre a segurança financeira do trabalhador e sobre os possíveis impactos estruturais na política habitacional ‘Minha Casa, Minha Vida’”, diz a senadora.
Damares acrescenta que fraudes em outras modalidades de consignado, como no caso do INSS, exigem a revisão da prevenção e combate a golpes contra grupos vulneráveis. Ela defende parcerias com instituições financeiras e a análise da atuação da Dataprev nos sistemas de controle.
Para o debate, estão convidados representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), dos Ministérios do Trabalho e Emprego e das Cidades, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União, do Ministério Público do Trabalho, da Associação Brasileira de Defesa dos Clientes de Operações Financeiras e Bancárias e da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin). Até agora, o único confirmado é o representante da Febraban, Ico Mósca.
Como participar
O evento será interativo: os cidadãos podem enviar perguntas e comentários pelo telefone da Ouvidoria do Senado (0800 061 2211) ou pelo Portal e‑Cidadania, que podem ser lidos e respondidos pelos senadores e debatedores ao vivo. O Senado oferece uma declaração de participação, que pode ser usada como hora de atividade complementar em curso universitário, por exemplo. O Portal e‑Cidadania também recebe a opinião dos cidadãos sobre os projetos em tramitação no Senado, além de sugestões para novas leis.
Fonte: Agência Senado
O post “CDH debaterá educação financeira com foco em empréstimos garantidos pelo FGTS” foi publicado em 03/07/2025 e pode ser visto original e