A Secretaria Municipal de Educação de Maceió (SEMED) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresentaram os resultados do projeto Escolas Ativas, implementado desde agosto de 2018 em dez escolas públicas da cidade.
O evento reuniu autoridades municipais, coordenadores e consultores do projeto, além de centenas de gestores e professores da rede de ensino municipal. A atividade resultou no lançamento do “Caderno de Desenvolvimento Humano sobre Escolas Ativas em Maceió – Tornando Escolas mais Ativas”, que documenta a experiência no município, revisita o conceito de Escola Ativa e busca delinear uma metodologia para a replicação do projeto.
A secretária municipal de Educação, Ana Dayse Dorea, destaca a importância da publicação. “É um trabalho que fica: os resultados da pesquisa nos apontam o que fazer, permitindo que a experiência seja replicada.”
Presente no evento, realizado no início deste mês, o prefeito Rui Palmeira falou sobre o projeto e seus impactos nos indicadores da rede de ensino municipal. “Parcerias como essa, com o PNUD, são fundamentais para a melhora dos índices educacionais da cidade. No último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), Maceió foi a capital brasileira que mais cresceu, proporcionalmente, do primeiro ao quinto ano”, afirma.
Dinâmicas
No evento, durante a manhã, consultores do PNUD apresentaram o conceito de Escola Ativa a educadores de toda a rede municipal – inclusive de escolas onde o projeto não foi implementado. Ainda na ocasião, representantes das unidades educacionais que compõem o projeto relataram suas próprias experiências de ativação e compartilharam os resultados alcançados e a recepção dos alunos às mudanças.
À tarde, os participantes se dividiram em grupos para desenvolver oficinas nos temas “Construindo seu projeto de Escola Ativa”, “Aula ativa: corpos em ação na sala de aula”, “Pedagogia da emergência: transformando crises em oportunidades” e “Como promover a equidade no ambiente escolar – ações e reflexões importantes para a igualdade de gênero na escola”.
Escolas Ativas
O projeto Escolas Ativas em Maceió foi realizado, em formato piloto, para concretizar as recomendações da Pesquisa de Escolas Ativas realizada pelo PNUD. Dez escolas foram selecionadas, observando a maior diversidade possível entre elas, e cerca de 5 mil alunos do Ensino Fundamental I e II, com idades entre 6 e 14 anos, participaram das atividades propostas.
A ideia por trás da iniciativa é fazer com que as escolas sejam espaços em que o movimento, as atividades físicas cotidianas e as práticas corporais (no esporte, na dança, na ginástica, na expressão corporal, etc.) sejam valorizadas e incorporadas nas ações pedagógicas, para além da prática esportiva pontual na aula de Educação Física. Busca-se, ainda, que os efeitos transcendam o ambiente escolar e que as crianças se motivem a permanecerem mais ativas também fora dele.
Segundo a gerente de projetos do PNUD e coordenadora do Escolas Ativas, Vanessa Zanella, “uma Escola Ativa é uma escola que acolhe o movimento em todos os seus âmbitos e une a mente ao corpo”. Ela defende que é importante reconhecer que as crianças são naturalmente ativas e que, muitas vezes, fazer com que elas fiquem o tempo todo sentadas, prestando atenção à aula, pode ir contra o próprio tempo delas.
“É muito comum, no ambiente escolar, ouvir frases do tipo ‘Não corra, menino! Você pode se machucar!’”, explica Zanella. A concepção de Escola Ativa busca romper com esse discurso, e enxerga no movimento e nas atividades físicas um fator potencializador dos processos pedagógicos.
“Uma Escola Ativa é quando as crianças podem circular livres durante o recreio; é quando tem uma pausa durante um momento da aula em que as crianças podem se levantar, caminhar; ou há uma aula que é ativa, que é fora da escola – uma aula de História em um monumento histórico”, exemplifica.
Solução de conflitos
A professora Elizabeth Freire atua na Escola Professor Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, uma das participantes do projeto. Ela explica que o recreio era origem de diversos conflitos cotidianamente: “havia muita briga, muito bullying, as crianças eram muito arredias”. Com a adesão ao projeto, o foco da escola passou a ser justamente em pensar alternativas para o momento do intervalo.
A solução foi o recreio supervisionado, em que alguns alunos voluntariamente se oferecem como monitores e executam e supervisionam atividades e brincadeiras tradicionais com alunos mais novos, como corda, bola de gude, futebol, queimada, entre outros.
“Entre os alunos, a recepção foi maravilhosa. Eles se sentem mais parte da escola”, comenta Freire. Com o sucesso do projeto, a intenção é continuar com a implementação de outras ferramentas para seguir na ativação da escola; recentemente, começaram a ser desenvolvidas atividades nos momentos de acolhida e saída das crianças.
Esse exemplo é um caso de sucesso, mas o conceito de Escola Ativa é amplo e, apesar de haver diretrizes gerais a serem seguidas, é essencial levar em conta as especificidades de cada ambiente escolar e traçar um caminho próprio para promover uma maior ativação dos ambientes.
Resultados
Diversas outras abordagens e iniciativas podem estar alinhadas ao conceito, e outras escolas de Maceió propuseram caminhos diferentes, como atividades musicais e lúdicas, assim como dinâmicas durante as aulas tradicionais e até mesmo a realização de eventos esportivos que extrapolam o ambiente escolar e envolvem toda a comunidade local.
Entre os resultados do projeto, destacam-se a realização de seminários de mobilização e sensibilização da comunidade escolar quanto ao tema; a promoção de diversas reuniões da Comunidade Prática de Escolas Ativas, em que educadores relatavam suas experiências e, juntos, buscavam soluções e propostas para seus contextos escolares; a criação de uma metodologia de ativação de escolas; e o lançamento de um aplicativo para medir o nível de atividade das escolas.
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