O secretário-geral da ONU, António Guterres, incentivou líderes empresariais e da sociedade civil a pressionarem governantes e a articular políticas que apoiem os empenhos do setor privado em lidar com as mudanças climáticas, durante a reunião de alto nível “Cuidando do Clima”.
Lançada em 2007, a reunião é convocada anualmente pelo Pacto Global da ONU, pelo secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Com a crise climática comprometendo cada vez mais a vida no planeta, Guterres enfatizou que serão necessárias ações coletivas de governos, regiões, cidades, empresas e sociedade civil. “Embora observemos algumas etapas incrementadas em direção a modelos de negócios sustentáveis, elas não chegam nem perto do escopo ou da escala necessária”, pontuou a liderança das Nações Unidas.
“Não precisamos de uma abordagem que incremente, mas que transforme. Precisamos que as empresas se unam apoiadas na ciência, adotando ações rápidas e ambiciosas em suas operações e cadeias de valor.”
Guterres refere-se ao objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, alinhado com o Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas. Isso exigirá reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global, em 45% até 2030, e alcançar a neutralidade de carbono em 2050.
Negócios e finanças não podem agir sozinhos
O secretário-geral reconheceu que líderes empresariais e financeiros têm feito sua parte para vencer as mudanças climáticas. Ele foi incentivado pelo fato de que 170 grandes empresas se comprometeram a definir metas científicas e verificáveis de redução de emissões.
No entanto, Guterres enfatizou que os setores comercial e financeiro não podem agir sozinhos. No próximo ano, muitos governos irão apresentar planos para reduzir suas emissões, alinhados com o Acordo de Paris de 2015. Guterres prevê que essas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs), quando aprimoradas, irão incluir estratégias neutras em carbono e iniciativas verdes em setores como energia, indústria, construção e transporte.
“Em apoio a esses esforços, convoco vocês, líderes do setor privado e da sociedade civil, a desafiarem seus governos a aproveitarem esta oportunidade para esclarecer suas políticas de desenvolvimento econômico que permitirão que suas empresas invistam decisivamente em um consumo líquido zero de emissões de carbono no futuro”, disse.
A liderança da ONU acrescentou que milhões em todo o mundo, principalmente os jovens, já reconhecem que mais deve ser feito para conter os piores impactos das mudanças climáticas.
“É por isso que eles estão pedindo aos líderes de todos os setores que façam exponencialmente mais para enfrentar a emergência climática”, disse. “Estamos nos aproximando rapidamente da nossa última oportunidade de estar do lado certo da história.”
Em seu discurso para o evento de alto nível da COP, o secretário-geral incentivou que os maiores emissores de gases do mundo façam mais pelo clima.
“Se não atingirmos a neutralidade do carbono até 2050, todos os nossos esforços atuais para promover o desenvolvimento sustentável serão prejudicados”, reforçou Guterres.
O secretário-geral também estabeleceu dez prioridades para enfrentar a crise climática, entre elas, garantir as responsabilidades dos principais emissores com compromissos nacionais mais ambiciosos até 2020; assegurar que todos os governos sigam o exemplo dos 75 países que se comprometeram a avançar no próximo ano com estratégias líquidas de zero emissões para 2050; e garantir que os compromissos nacionais incluam uma transição justa para pessoas cujos empregos e meios de subsistência são afetados na passagem para uma economia verde.
Visita de Greta Thunberg
A jovem ativista pelo clima Greta Thunberg esteve na conferência da ONU nesta quarta-feira (11), pedindo aos participantes que se concentrem na ciência por trás das mudanças climáticas.
Greta explicou que é importante manter o limite de aquecimento a 1,5 grau “porque, mesmo em 1 grau, as pessoas estão morrendo devido à crise climática”.
“Porque é isso que a ciência unida exige, para evitar a desestabilização do clima, para que tenhamos a melhor chance possível de evitar reações em cadeia irreversíveis, como o derretimento de geleiras e gelo polar e o degelo dos solos permafrost do Ártico (constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados). Cada fração de grau é importante”, reforçou a ativista.
Greta disse aos líderes mundiais na Cúpula de Ação Climática na sede da ONU em Nova Iorque, realizada em setembro, que eles estavam “decepcionando” sua geração, ao não tomar medidas para aliviar a crise climática com rapidez suficiente.
Também nesta quarta-feira (11), a sueca de 16 anos fundadora do movimento Greve das Escolas pelo Clima, também conhecido como Sextas-feiras pelo Futuro, foi eleita a personalidade do ano pela revista Time.
O secretário-geral da ONU saudou esse reconhecimento do papel dos jovens na ação climática, disse seu vice-porta-voz Farhan Haq a jornalistas em Nova Iorque.
“Pelo que entendo, este é um reconhecimento do efeito que os jovens têm exercido sobre esse debate, e o secretário-geral tem sido muito claro sobre a necessidade dos líderes mundiais ouvirem os jovens. É o mundo deles que estamos prejudicando atualmente por nossa inação e atraso em agir. Um dia, os jovens serão os herdeiros do mundo que deixamos e precisamos ter certeza de que fizemos o que é certo por eles. É bom ver o reconhecimento, tanto do poderoso papel que eles podem ter quando fazem suas vozes serem ouvidas e como da importância de ouvi-las”, pontuou Farhan.
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