Uma conversa empolgada este fim de semana apontou dúvidas e ignorâncias sobre a existência, importância e exclusividade do varvito, comum em Salto e Itu.
Para sanar dúvidas, buscamos e encontramos um artigo que aborda o tema e clarifica sobre a criação, em 1991 do “Parque da Rocha Moutonnée” e em 1995 d o “Parque Geológico do Varvito de Itu”, iniciativas locais da comunidade geológica brasileira de manifestação do conceito de Patrimônio Geológico (Geologic Heritage ou Geoheritage).
O artigo tem muitos comentários pessoais inúteis sobre o Varvito, as mudanças climáticas, os visitantes e os trabalhadores do parque, mas facilita o levantamento da bibliografia disponível até 2016 no tema. Há um monodebate sobre o conflito conceitual dos parques: as visitas podem ou não levar um pedaço de rocha para casa? Adiantando, há rochas semelhantes na área dos parques e, segundo afirmam os autores, a “amostra pode ser facilmente obtida em locais próximos”.
Fatos curiosos sobre o Varvito
A seguir, uma lista de trechos selecionados do artigo,
- As Placas do varvito de Itu eram extraídas em pedreiras para calçamento e edificações, enquanto o granito dava origem a mourões de cerca, paralelepípedos e outros objetos”
- Nos anos 1940, liderados por Octávio Barbosa e Fernando Flávio Marques de Almeida, professores da Escola Politécnica da USP, estudos descreveram e pediram às autoridades a urgente preservação de marcas e estrias na superfície de grandes blocos graníticos na região de Salto (SP).
- A mineração expusera enorme saliência recoberta de estrias e outras feições, parecida com a forma de um pequeno carneiro deitado no pasto, à qual deram o nome de “Roche Moutonnée”.
- Com a descoberta da rocha moutonnée foi possível interpretar com exatidão nesta porção da Bacia do Paraná “o sentido do movimento do gelo neopaleozoico” (Rocha-Campos 2002a).
- A mineração cessou e a área foi abandonada nos anos 1980.
- O varvito de Itu é mais adequadamente descrito como ritmito, rocha sedimentar finamente estratificada, originada de sedimentos depositados em ambiente pró-glacial.
- O ambiente deposicional do varvito deve se vincular provavelmente a um corpo de água com salinidade reduzida ou lago pró-glacial em contato parcial ou temporário com a margem da geleira (Rocha-Campos 2002b).
- Em varvitos típicos, as correntes de densidade ou de turbidez depositam camadas/lâminas claras, durante o verão; no inverno, quando o lago está congelado, decantam-se as lâminas escuras de silte/argila (Carneiro 2015).
- Rochas semelhantes a varvitos, ou os assim denominados “folhelhos várvicos no sul do país” (Oliveira 1929, apud Mattos 2012), ocorrem não apenas nas vizinhanças de Itu e Salto, mas em zonas distantes, como nos estados do Paraná e Santa Catarina.
- Salto é especial. é considerado, no Estado de São Paulo, a melhor exposição conhecida. Ali estima-se a espessura máxima de ritmito da ordem de “cerca de 15 m” (Mattos 2012).
- É comum que a superfície das lâminas escuras contenha rastos de pequenos animais, como vermes ou pequenos crustáceos que habitavam o fundo do lago.
- Quando o parque foi criado, cada visitante podia pegar sua amostra de um recipiente na entrada do parque. Hoje não se permite mais, aplica-se a visão restritiva do conceito de proteção ambiental, mas a proibição, no caso de Itu, pode ser um exagero.
- Em Neuchâtel, 1837, Louis Agassiz convenceu a comunidade científica da hipótese de que estrias incomuns em grandes rochas expostas em montanhas da Suíça teriam sido causadas pela pressão de geleiras que
depois recuaram; a hipótese fôra formulada por um caçador (Hecht 1993-1994). - O fenômeno faz parte do ciclo da água, mas pode ser estudado a partir de registros deixados na esfera sólida (Potapova 2008, Martins et al. 2011): “durante épocas mais quentes, geleiras diminuíram de tamanho, e até mesmo desapareceram em alguns locais; em épocas mais frias, geleiras aumentaram de tamanho, recobrindo vastas áreas” (Carneiro 2015).
- Nos cursos de Geologia e Geografia na Unicamp, turmas grandes de alunos fazem visita regular ao parque (Carneiro et al. 2008), quando aplicamos roteiro de campo do tipo indutivo (Compiani & Carneiro 1993).
- Pastoriza (2014) apresenta abordagens didáticas empregadas nos dois sítios geológicos, em que utiliza a poesia como recurso didático, em associação ao trabalho de campo.
- Outra ocorrência de granito, descrita por Pérez-Aguilar et al. (2008, 2009), situa-se próximo à bossa famosa portadora de estrias glaciais. Está hoje bastante ameaçada pelo lançamento de lixo, entulhos e outros materiais, além do risco de ser implantado um condomínio residencial na área.
- No local denominado Parque das Lavras, por outro lado, foi instalado um mirante no alto de imagem da padroeira de Salto, N. Sra. de Monte Serrat, de onde se pode ter visão panorâmica da paisagem em 360º. Observa-se o notável contraste entre diferentes domínios de relevo (Oliveira 2008) e relevo tipicamente granítico, coalhado de matacões e blocos.
- Em Salto, bem ao lado da rocha Moutonnée, as autoridades ainda não tenham reconhecido a urgência da proteção do Pavimento Estriado Guaraú (Pérez-Aguilar 2008, 2009).
O artigo sanou as dúvidas?
Dado que cada camada da rocha varvito representa um ano, as principais dúvidas tratavam de:
- o que é considerado camada?
- a medida de tempo é semelhante à atual?
E neste artigo ficamos sem claridade de respostas kkk
Porém, com um pouco mais de informações, e fontes, sobre nosso território.
Seguimos!
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