A comissão temporária criada pelo Senado para coordenar as atividades de comemoração dos 200 anos da Confederação do Equador reuniu-se pela primeira vez nesta quarta-feira (24) para debater o movimento revolucionário ocorrido no Nordeste, em 1824, contrário ao autoritarismo de dom Pedro I e em defesa do regime republicano no Brasil. A comissão foi criada por iniciativa da senadora Teresa Leitão (PT-PE), que comandou a audiência pública interativa.
A Confederação do Equador teve início em Pernambuco, mas logo se espalhou pelas províncias vizinhas, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Era um movimento contra a monarquia e defendia a implantação de um regime republicano. Na época, o movimento foi proibido e perseguido pelas tropas leais ao imperador. Trinta e uma pessoas foram condenadas à morte. Entre elas, o mentor intelectual do movimento, o frade carmelita Joaquim do Amor Divino Caneca, mais conhecido como Frei Caneca, que se tornou um herói entre os revolucionários.
O representante da Academia Pernambucana de Letras e professor da Universidade Federal de Pernambuco, George Felix Cabral de Souza, disse que a Confederação do Equador está inserida na tradição pernambucana muito arraigada de contestação aos poderes centrais e de luta por bandeiras ligadas à ideia e à defesa das liberdades individuais, sobretudo no início do século XIX.
— Em nenhuma outra parte do Brasil as ideias ilustradas originárias da França, ao longo do século XVIII, tiveram um campo tão fértil para germinar e para se manifestar em tomadas de posições e ações efetivas em defesa daquele conjunto de ideias que constituía o pensamento do Iluminismo e apontava, sobretudo, para a noção de igualdade perante a lei, de fraternidade, de busca pelo progresso e pela ideia de que a razão poderia conduzir a humanidade à felicidade. Esse pensamento iluminista possibilitou a ocorrência de outros movimentos mundo afora — explicou.
Representante do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, André Ricardo Heráclio do Rêgo disse que o Senado é o local ideal para comemorar a Confederação do Equador, tendo em vista que a Casa atua como guardiã da Federação brasileira, em defesa da Constituição e como um agente poderoso contra o separatismo.
— A Confederação do Equador é a primeira revolução constitucionalista brasileira, mais de cem anos antes da dos paulistas, em 1932, e por motivos muito semelhantes. Os paulistas queriam a Constituição. E nós queríamos uma Constituição democrática que não tivesse sido outorgada – afirmou Rêgo.
O assessor especial na Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Lucas Felipe Noia da Silva, apontou a importância da Confederação do Equador.
— A biologia ainda não explica, mas no DNA do pernambucano, de forma mais apurada, a gente já nasce com essa insurgência e com senso de justiça, vide 1817, quando Pernambuco foi república antes do Brasil, vide 1824, quando irradiou, a partir de Pernambuco, a Confederação do Equador, essa revolta também republicana no Nordeste. Pernambuco nunca se submeteu a regimes autoritários. Isso está marcado na nossa história e naquelas datas que estão no nosso brasão. A confederação enfrentou as forças do Império e do seu perigoso autoritarismo. A gente sabe que a força e o poder do Império naquele momento era muito grande. A Coroa chegou a tomar empréstimos fora para dar musculatura ao Exército para combater isso, mas chegamos aos duzentos anos da confederação. Hoje, a nossa arma contra o autoritarismo é a democracia, que precisa continuar sendo defendida diariamente — posicionou.
O representante do Museu da Cidade do Recife, Sandro Vasconcelos da Silva, disse que as comemorações acerca do bicentenário da Confederação do Equador são de extrema importância para a construção da nação brasileira e da história de Pernambuco. Defendeu que a confederação seja lembrada como um dos principais movimentos significativos em prol do federalismo e da democracia no Brasil, tendo em vista as tensões regionais que persistiram no país ao longo do século XIX, e como a região hoje conhecida como Nordeste resistiu à centralização do poder.
Gestora governamental e representante do estado de Pernambuco, Daniela de Almeida Medeiros Silva considerou a luta da Confederação do Equador pelos ideais republicanos e democráticos e pela construção do pensamento político brasileiro. Esse momento, segundo ela, é uma oportunidade única de celebrar e preservar a história do movimento, que teve Pernambuco como berço, e também a figura de Frei Caneca, que está inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Antes de concluir o debate, em resposta a internautas, a senadora Teresa disse que a comissão temporária pretende dar continuidade à execução do plano de trabalho aprovado em 15 de março, que inclui a realização de reuniões mensais, painéis e mesas redondas, audiências públicas locais e regionais, além da produção de documentário, programas e entrevistas para a TV Senado e a TV Alepe, do Legislativo pernambucano, entre outras iniciativas.
A Confederação do Equador teve início em Pernambuco, mas logo se espalhou pelas províncias vizinhas, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Era um movimento contra a monarquia e defendia a implantação de um regime republicano. Na época, o movimento foi proibido e perseguido pelas tropas leais ao imperador. Trinta e uma pessoas foram condenadas à morte. Entre elas, o mentor intelectual do movimento, o frade carmelita Joaquim do Amor Divino Caneca, mais conhecido como Frei Caneca, que se tornou um herói entre os revolucionários.
O representante da Academia Pernambucana de Letras e professor da Universidade Federal de Pernambuco, George Felix Cabral de Souza, disse que a Confederação do Equador está inserida na tradição pernambucana muito arraigada de contestação aos poderes centrais e de luta por bandeiras ligadas à ideia e à defesa das liberdades individuais, sobretudo no início do século XIX.
— Em nenhuma outra parte do Brasil as ideias ilustradas originárias da França, ao longo do século XVIII, tiveram um campo tão fértil para germinar e para se manifestar em tomadas de posições e ações efetivas em defesa daquele conjunto de ideias que constituía o pensamento do Iluminismo e apontava, sobretudo, para a noção de igualdade perante a lei, de fraternidade, de busca pelo progresso e pela ideia de que a razão poderia conduzir a humanidade à felicidade. Esse pensamento iluminista possibilitou a ocorrência de outros movimentos mundo afora — explicou.
Representante do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, André Ricardo Heráclio do Rêgo disse que o Senado é o local ideal para comemorar a Confederação do Equador, tendo em vista que a Casa atua como guardiã da Federação brasileira, em defesa da Constituição e como um agente poderoso contra o separatismo.
— A Confederação do Equador é a primeira revolução constitucionalista brasileira, mais de cem anos antes da dos paulistas, em 1932, e por motivos muito semelhantes. Os paulistas queriam a Constituição. E nós queríamos uma Constituição democrática que não tivesse sido outorgada – afirmou Rêgo.
O assessor especial na Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Lucas Felipe Noia da Silva, apontou a importância da Confederação do Equador.
— A biologia ainda não explica, mas no DNA do pernambucano, de forma mais apurada, a gente já nasce com essa insurgência e com senso de justiça, vide 1817, quando Pernambuco foi república antes do Brasil, vide 1824, quando irradiou, a partir de Pernambuco, a Confederação do Equador, essa revolta também republicana no Nordeste. Pernambuco nunca se submeteu a regimes autoritários. Isso está marcado na nossa história e naquelas datas que estão no nosso brasão. A confederação enfrentou as forças do Império e do seu perigoso autoritarismo. A gente sabe que a força e o poder do Império naquele momento era muito grande. A Coroa chegou a tomar empréstimos fora para dar musculatura ao Exército para combater isso, mas chegamos aos duzentos anos da confederação. Hoje, a nossa arma contra o autoritarismo é a democracia, que precisa continuar sendo defendida diariamente — posicionou.
O representante do Museu da Cidade do Recife, Sandro Vasconcelos da Silva, disse que as comemorações acerca do bicentenário da Confederação do Equador são de extrema importância para a construção da nação brasileira e da história de Pernambuco. Defendeu que a confederação seja lembrada como um dos principais movimentos significativos em prol do federalismo e da democracia no Brasil, tendo em vista as tensões regionais que persistiram no país ao longo do século XIX, e como a região hoje conhecida como Nordeste resistiu à centralização do poder.
Gestora governamental e representante do estado de Pernambuco, Daniela de Almeida Medeiros Silva considerou a luta da Confederação do Equador pelos ideais republicanos e democráticos e pela construção do pensamento político brasileiro. Esse momento, segundo ela, é uma oportunidade única de celebrar e preservar a história do movimento, que teve Pernambuco como berço, e também a figura de Frei Caneca, que está inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Antes de concluir o debate, em resposta a internautas, a senadora Teresa disse que a comissão temporária pretende dar continuidade à execução do plano de trabalho aprovado em 15 de março, que inclui a realização de reuniões mensais, painéis e mesas redondas, audiências públicas locais e regionais, além da produção de documentário, programas e entrevistas para a TV Senado e a TV Alepe, do Legislativo pernambucano, entre outras iniciativas.
Fonte: Agência Senado
O post “Comissão debate importância da Confederação do Equador nos seus 200 anos” foi publicado em 25/04/2024 e pode ser visto original e