“Igualdade e justiça para todos” . Esse é o lema que os Ativistas de Comunidades Marginalizadas (ACM) escolheram para sua campanha de rádio, lançada na última sexta-feira (15). Criada em 2006, a rede defende a inclusão social e política de marginalizados e minorias, incluindo pessoas deslocadas internamente em toda Somália.
O projeto de rádio acontece após um workshop de treinamento de dois dias sobre estratégia e engajamento de mídia, organizado pelo Grupo de Direitos Humanos e Proteção (HRPG) com o Grupo Estratégico de Comunicações e Assuntos Públicos (SCPAG) da Missão de Assistência das Nações Unidas na Somália (UNSOM).
O objetivo da estratégia de comunicação via rádio do grupo ACM é criar um entendimento público mais profundo sobre os direitos das comunidades marginalizadas na Somália e incentivar governos e organizações da sociedade civil a advogar pelos direitos das minorias e a construir políticas e estratégias eficazes.
Comunicação estratégica na Somália
O treinamento foi realizado entre os dias 9 e 10 de outubro deste ano na capital da Somália, Mogadíscio, e ministrado pelo Grupo de Direitos Humanos e Proteção (HRPG) com o Grupo Estratégico de Comunicações e Assuntos Públicos (SCPAG) da Missão de Assistência das Nações Unidas na Somália (UNSOM). Seis membros do grupo ACM, incluindo duas mulheres, participaram do curso.
A campanha de mídia de dois meses foi lançada na última sexta-feira (15) e terá como alvo as principais estações de rádio da Somália, incluindo Kulmiye; Rádio Baidoa; Rádio Kismayo; Rádio Jowhar; Rádio Beletweyne; Rádio Risala Mogadishu; Rádio Galkacyo; Rádio SBC em Bossaso.
A campanha também tem como alvo duas emissoras de televisão, TV a cabo SNT e Horn, e mídias sociais (Facebook, WhatsApp e Twitter).
As sessões de rádio de 15 minutos cobrirão tópicos como igualdade e não discriminação, participação política, empoderamento de mulheres, igualdade de acesso à educação, saúde, emprego e atividade econômica, direitos sociais e culturais. Os últimos cinco minutos de cada programa serão dedicados a chamadas do público em geral.
As expectativas para a campanha de mídia são altas. Para as comunidades marginalizadas, trata-se de expor seus desafios, necessidades e desejos, de maneira que sejam compreendidos pelos políticos e comunidades de dentro e de fora da Somália.
Minorias são excluídas da participação política, emprego e acesso à justiça
A sociedade somali é caracterizada por divisões, desigualdades e exclusões baseadas em clãs, nas quais grupos minoritários e clãs menores enfrentam uma série de discriminações e lutam para exercer seus direitos de participar de processos econômicos, sociais, culturais e políticos. A marginalização leva à distribuição injusta e discriminatória de recursos e a várias preocupações de proteção.
“A estrutura do clã continua a excluir as minorias da participação política, emprego e acesso à justiça”, relatou um dos ativistas das comunidades marginalizadas que participaram do workshop.
“Lhe é negado o direito ao desenvolvimento e à educação e se pune o casamento entre membros de diferentes grupos”, acrescentou.
Melhorar oportunidades para comunidades ou grupos marginalizados participarem da vida pública pode ter um efeito positivo quando se trata de prevenção de conflitos.
Essa é a abordagem adotada pelo Grupo de Direitos Humanos e Proteção da missão da ONU na Somália (UNSOM), que aproveitou a oportunidade de apoiar a campanha de mídia e que está sendo implementada através da assistência técnica e capacitação para a sociedade civil.
“Não há um único programa na mídia que reflita nossos problemas”, relatou o ativista.
Rádio, a ferramenta mais eficaz para lutar por inclusão
Como destaca Muna Abuagla, da UNSOM, a mídia pode ser usada para educar o público sobre os direitos iguais e inalienáveis que todo ser humano possui e “também pode incentivar o respeito da sociedade pela diversidade e contribuir para a integração de minorias nas comunidades da Somália”.
“A mídia é o único recurso das comunidades sem voz”, segundo a rede ACM.
Durante uma reunião organizada no dia 30 de setembro deste ano pelo Grupo de Direitos Humanos e Proteção (HRPG) da UNSOM com defensores das comunidades marginalizadas, jornalistas e profissionais de mídia, os participantes constataram que o rádio (junto com a televisão) é o melhor meio para servir seus interesses e refletir as vantagens e dificuldades.
Dessa forma, o grupo optou por investir principalmente no rádio, seguindo padrões internacionais de direitos humanos.
Para o HRPG, não se trata apenas de melhorar o nível de conscientização, compreensão e proteção dos direitos das minorias por meio da campanha da mídia, mas também de responsabilizar o governo e garantir que eles estabeleçam políticas e estratégias eficazes para eliminar a discriminação e aprimorar a proteção de minorias na Somália.
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