Hoje se comemora o Dia Mundial das Zonas Úmidas sob o lema “Zonas úmidas e bem-estar humano”
Hoje se comemora o Dia Mundial das Zonas Úmidas sob o lema “Zonas úmidas e bem-estar humano”, neste contexto a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água, ALADYR, apela para a relação das comunidades e centros urbanos da região com estas superfícies que prestam serviços ambientais inestimáveis como a captura de gases com efeito estufa e o habitat de grande parte das espécies que as habitam o planeta.
Os representantes da ALADYR destacaram que os problemas urbanos, como subsidência de terras e escassez de água, que a Cidade do México sofre, por exemplo, têm início em uma concepção que não valoriza as áreas úmidas locais.
No caso da capital Azteca, os especialistas da ALADYR convidaram os cidadãos a voltarem ao tempo em que no mesmo local foi construída Tenochtitlán, epicentro do império Azteca, cuja construção integrou o Lago Texcoco como uma vantagem para cobrir os serviços sanitários, agrícolas e de transporte.
“Acreditamos que esse conceito de respeito às zonas úmidas presente na engenharia pré-colombiana é algo que devemos resgatar para repensar as cidades latino-americanas e integrar a conservação das áreas úmidas em seu planejamento urbano para garantir um futuro sustentável”, disse Jerry Ross, presidente da ALADYR.
Exemplos regionais
Por outro lado, no extremo sul do continente, a cidade de Buenos Aires combina boas e más práticas em relação a essas áreas, pois viu como a urbanização intensiva de áreas como o Riachuelo exacerbou a contaminação e os problemas de salubridade, mas possui a Reserva Ecológica Costanera Sur, que é uma das maiores áreas úmidas urbanas do mundo e que é usada como área de lazer e contato com a natureza.
As zonas húmidas são vitais para o planeta. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), esses ecossistemas abrigam aproximadamente 40% da biodiversidade mundial e são fundamentais para a vida de milhões de pessoas. No entanto, a Convenção de Ramsar observa que, desde a década de 1960, a América Latina e o Caribe experimentaram 59% de perda e degradação de áreas úmidas, em comparação com a média mundial de 35%.
“As zonas húmidas não são apenas essenciais para a conservação da água e da biodiversidade, mas também atuam como sumidouros de carbono, desempenhando um papel crucial na mitigação das alterações climáticas”, explicaram.
Apesar do estado preocupante desses ecossistemas, há exemplos notáveis de esforços para protegê-los na América Latina. No Chile, a Lei de Zonas Úmidas Urbanas é um avanço legislativo significativo que pode abrir um precedente na forma como as cidades se desenvolvem para manter a harmonia com esses ambientes úmidos.
Mas talvez o exemplo latino-americano mais notável da integração dessas superfícies inundadas na paisagem de uma metrópole seja encontrado na capital colombiana. O maior sistema de áreas úmidas urbanas da América Latina está localizado em Bogotá, com uma área de 667 hectares divididos em onze partes.
“Se trata da primeira zona úmida urbana da América Latina a ser declarada sítio Ramsar, o que favorece sua proteção e conservação. Esta proteção resultou em que obras importantes de urbanismo e saneamento integrem corpos de água e zonas de inundação nos seus desenhos paisagísticos, como o que aconteceu com a ampliação e otimização da PTAR El Salitre com a zona úmida El Cortijo”, apontaram os representantes da ALADYR.
Outras importantes zonas úmidas urbanas, como a foz do rio Aconcágua, em Concón, Chile, os Pantanos de Villa, em Lima, no Peru, e o Parque Estadual do Manguezal do Itacorubi, em Florianópolis, Brasil, contam com denominações específicas como reservas naturais, áreas naturais protegidas ou parques nacionais que lhes conferem um certo manto de proteção, mas até agora não há nenhum que esteja isento dos riscos representados pela ocupação ilegal de terras, atividades turísticas não regulamentadas, a presença de resíduos ou a exploração indiscriminada.
As propostas
A ALADYR defende soluções sustentáveis para a conservação das zonas úmidas, incentivando a adoção da economia circular da água, que inclui o tratamento e reúso de águas residuais como forma crucial de reduzir a contaminação e preservar a qualidade da água nestes ambientes.
“Para enfrentar esses desafios, é essencial implementar políticas eficazes de tratamento e águas residuais e adotar legislação como a Lei de Zonas Úmidas Urbanas do Chile em outros países da região”, declararam.
Adicionaram que a dessalinização da água do mar ou poços de água salobras também podem ser uma solução quando a pressão extrativa nas áreas úmidas é maior do que seu fluxo ecológico ou ponto de regeneração. “Não devemos esperar chegar ao ponto de sobre-exploração das zonas úmidas para lhes proporcionar o alívio que uma nova fonte de água, como a dessalinização, pode proporcionar-lhes”, opinaram.
Para finalizar, disseram que a situação das áreas úmidas na América Latina é crítica, mas não sem esperança e que sua conservação e restauração vão além de uma questão ambiental para ser uma necessidade para o bem-estar humano e a sustentabilidade urbana. “Da ALADYR, pedimos aos governos, comunidades e organizações que trabalhem juntos para proteger e revitalizar nossas áreas úmidas. O futuro da nossa região depende de como valorizamos e cuidamos desses tesouros naturais”, concluíram.
Em continuação apresentamos uma lista de zonas úmidas urbanas na América Latina, incluindo informações sobre localização, extensões e status:
- Zona Úmida da foz do rio Aconcágua, Concón, Chile
- Localização: Concón, Chile
- Extensão: 56,3 hectares
- Status: Zona Úmida Urbana, Reserva Natural Municipal
- Pantanos de Villa, Lima, Peru
- Localização: Lima, Peru
- Extensão: 263,27 hectares
- Status: Área Natural Protegida
- Parque Estadual do Manguezal do Itacorubi, Florianópolis, Brasil
- Localização: Florianópolis, Brasil
- Extensão: 216 hectares
- Status: Parque Estadual
- Zona Úmida de Bogotá, Colômbia
- Localização: Bogotá, Colômbia
- Exemplos: Zona Úmida La Conejera, Zona Úmida Juan Amarillo
- Extensão: 667 hectares
- Status: Várias áreas úmidas são Áreas Protegidas
- Reserva Ecológica Costanera Sur, Buenos Aires, Argentina
- Localização: Buenos Aires, Argentina
- Extensão: Aproximadamente 350 hectares
- Status: Reserva Ecológica
- Zona Úmida de Santa Lucía, Montevidéu, Uruguai
- Localização: Montevidéu, Uruguai
- Extensão: 2500 hectares
- Status: Reconhecida importância ecológica, medidas de proteção em discussão
- Zona Úmida Três Puentes, Punta Arenas, Chile
- Localização: Punta Arenas, Chile
- Extensão: 42 hectares
- Status: Área de Importância para a Conservação de Aves
Imprensa ALADYR
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O post “Retomar a harmonia com as zonas úmidas é urgente na América Latina” foi publicado em 02/02/2024 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Tratamento de Água
