Ontem (13), na véspera do Dia Mundial do Diabetes , celebrado pelas Nações Unidas anualmente em 14 de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um plano para diversificar a produção global de insulina.
Em mensagem oficial para o dia mundial, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres , classificou as altas despesas médicas dos pacientes diabéticos como “catastróficas”.
O secretário disse que “o diabetes prejudica a saúde e as aspirações educacionais e de emprego para muitos, afetando comunidades e forçando famílias a dificuldades econômicas”, pontuou.
Insulina excessivamente cara pode ser coisa do passado
O projeto piloto para os próximos dois anos da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentado na última quarta-feira (13), envolve a avaliação da insulina desenvolvida pelos fabricantes para garantir sua qualidade, segurança, eficácia e acessibilidade.
Anunciando a iniciativa em Genebra, a agência das Nações Unidas informou que já havia sido contatada informalmente por empresas farmacêuticas interessadas em produzir insulina e que avalia se é seguro para as pessoas usarem. Essa é uma notícia que pode mudar a vida de milhões de diabéticos
“O fato simples é que a prevalência de diabetes está crescendo, a quantidade de insulina disponível para tratá-la é muito baixa e os preços são muito altos, por isso precisamos fazer alguma coisa”, disse Emer Cooke, diretora de Regulamentação de Medicamentos e outras Tecnologias da Saúde da OMS.
Atendimento diabético em expansão
Segundo a OMS, caso haja interesse suficiente dos fabricantes e, crucialmente, mais insulina disponível para diabéticos, o projeto pode ser expandido mais amplamente.
“Vamos olhar para o número de empresas que irão se candidatar, veremos quanto tempo leva, os resultados, e se isso faz sentido e se realmente está aumentando o acesso”, comentou Cooke.
Esse procedimento é conhecido como pré-qualificação, e a OMS o fez no passado para vacinas sem marca, incluindo as que são usadas no tratamento da tuberculose, da malária e do HIV.
Isso resultou em economias maciças para os pacientes em todo o mundo, com 80% dos pacientes com HIV agora confiando em produtos genéricos, informou a diretora da OMS.
Ela também observou que algumas empresas já se comprometeram a baixar os preços da insulina.
Medicamentos para o HIV abriram caminhos
“Quando os anti-retrovirais (HIV) foram produzidos, o custo por paciente por ano era de 10.000 dólares”, afirmou Emer Cooke.
“Quando abrimos a pré-qualificação para produtos genéricos de HIV, o preço caiu para 300 dólares por ano.”
Ainda comentando sobre os benefícios à população possibilitados por uma expansão da oferta, a diretora de Regulamentação de Medicamentos da OMS acrescentou: “Também estamos confiantes de que a concorrência reduzirá os preços. Dessa forma, os países terão uma escolha maior de produtos mais acessíveis”.
Mercado global de insulina
Hoje, três fabricantes controlam a maior parte do mercado global de insulina, que foi descoberto como um tratamento para o diabetes em 1921.
O medicamento funciona diminuindo os níveis de glicose no sangue, uma tarefa geralmente realizada pela insulina natural, produzida pelo pâncreas sempre que comemos.
A quadruplicação no número de pessoas com a doença desde 1980 – hoje, são cerca de 420 milhões de pessoas no mundo, principalmente em países de baixa e média renda – é amplamente atribuída à má alimentação e à falta de exercício.
Segundo a OMS, aqueles com diabetes tipo 1 – cerca de 20 milhões de pessoas – precisam de injeções de insulina para sobreviver, enquanto que, dos 65 milhões de pessoas com diabetes tipo 2 que precisam de insulina, apenas metade tem possibilidade de obtê-la.
Racionamento forçado
Em alguns países, os preços são tão altos que algumas pessoas são forçadas a racionar sua insulina. Isso os deixa suscetíveis a ataques cardíacos, derrames, insuficiência renal, cegueira e amputações de membros inferiores.
“Embora o diabetes tenha sido a sétima causa de morte em todo o mundo em 2016, a descoberta é preocupante, pois a doença mata as pessoas prematuramente”, ressalta Gojka Roglic, médica executiva da OMS e especialista em diabetes.
“Todos nós temos que morrer de alguma coisa e por que não de diabetes – mas (somente) depois de comemorar nosso aniversário de 90 anos”, brincou Roglic.
“O problema é que, em grande proporção, a diabetes se inicia em idade prematura – quase metade dos casos ocorre antes dos 70 anos”, apontou. Roglic acrescenta que, nos países de baixa e média renda, a porcentagem sobe para cerca de 60%.
Dados coletados pela OMS de 24 países em quatro continentes mostraram que a insulina humana estava disponível apenas em 61% das unidades de saúde.
Os dados de 2016-2019 também mostraram que um mês de fornecimento de insulina custa a um trabalhador em Acra, capital do Gana, mais de um quinto de seu salário.
Os tipos de diabetes
O diabetes é uma doença metabólica crônica caracterizada por níveis elevados de glicose (ou de açúcar) no sangue, que acarretam ao longo do tempo danos graves ao coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos.
O mais comum é o diabetes tipo 2, geralmente atingindo adultos, que ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina ou não a produz suficientemente. Nas últimas três décadas, a prevalência do diabetes tipo 2 aumentou dramaticamente em países de todos os níveis de renda.
O diabetes tipo 1, conhecido como diabetes juvenil ou diabetes dependente de insulina, é uma condição crônica na qual o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina por si só.
O diabetes gestacional é um terceiro tipo, caracterizado por hiperglicemia, ou aumento de açúcar no sangue, com valores acima do normal, mas abaixo dos diagnósticos de diabetes, e que ocorre durante a gravidez. As mulheres e seus filhos também têm maior risco de diabetes tipo 2 no futuro.
Outros dados OMS
– 1 a cada 11 pessoas têm diabetes;
– 422 milhões de adultos têm diabetes;
– 3.7 milhões de mortes devido ao diabetes e alto nível de glicose no sangue;
– 1.5 milhões de mortes causadas pelo diabetes.
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