Desde março de 2023, a gestão dos 22 cemitérios municipais da cidade de São Paulo passou para as mãos de quatro empresas. O processo de privatização dos serviços funerários prometeu representar mais economia de gastos públicos e a modernização dos serviços, mas já em março começaram a surgir os primeiros casos de demora na liberação de corpos causada por problemas técnicos, além do aumento de até 400% no valor de velórios simples.
Mas existem outros fatores importantes nessa história. Com os dados funerários passando para as mãos da iniciativa privada, muitas informações sobre desaparecidos, por exemplo, passam a ter outro tipo de administração. Muitos cemitérios de São Paulo ainda estão em condições terríveis de conservação, com ossadas expostas e condições precárias para trabalhadores do setor. Tudo isso vai muito além dos serviços funerários em si, fala de toda uma política que não permite a dignidade a grupos sociais mais vulneráveis em vida ou na morte.
Com a proximidade do Dia de Finados, o Pauta Pública traz uma conversa sobre o assunto com o psicanalista Fábio Luis Franco. Fábio é membro do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da Universidade de São Paulo (USP) e do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo. Ele lançou pela editora UBU o excelente Governar Os Mortos – necropolítica, desaparecimento e subjetividade.
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Fonte
O post “Onde se enterra a dignidade: privatização e necropolítica – com Fábio Luis Franco” foi publicado em 27/10/2023 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Agência Pública