DO OC – Em agosto, a Amazônia registrou 17.373 focos de queimadas, número 47,5% menor em comparação com o mesmo mês em 2022, quando houve 33.116 focos, mostra o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O registro também é o menor para agosto desde 2018, ano em que o número alcançou 10.421. O dado atual também é inferior à média para agosto, que é 26.572. Agosto é o mês em que se inicia a alta temporada de fogo na Amazônia.
A queda vem em um momento no qual o El Niño poderia deixar as queimadas mais intensas. O fenômeno atmosférico-oceânico é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, o que deixa as regiões brasileiras Norte e Nordeste mais secas. A sequidão, juntamente com o acúmulo da matéria orgânica morta espalhada pelo desmatamento, é a receita para a temporada de fogo. Em 2019, mesmo sem seca anormal, a floresta teve as piores queimadas para o mês desde 2007, devido à aceleração do desmatamento. Em 2007, o El Niño causou um pico de queimadas mesmo com o desmatamento em queda.
Segundo Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam, a diminuição dos focos de incêndio está relacionada com a queda do desmatamento. “Reduzir o desmatamento é reduzir o fogo. Então, mesmo com um ambiente muito propício para ter incêndios florestais, se a gente não tiver quem comece o fogo, a gente não tem incêndio”, comenta. O recorde de focos de queimada em junho , por exemplo, contou com material combustível de desmatamentos que podem ter ocorrido ainda em 2022, lembra Alencar.
Segundo o Inpe, entre janeiro e julho, a queda nos alertas de desmatamento na Amazônia foi de 42,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados de agosto ainda não estão disponíveis, mas os focos de incêndio do mês foram alimentados por material combustível de desmatamentos antigos.
Os dados de queimadas vivem um sobe e desce na série histórica registrada pelo Inpe desde 1998, mas dispararam com o auxílio da política destruidora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Em agosto de 2019, por exemplo, o número de focos de queimada foi 30.900, 66,27% maior que o mesmo período do ano anterior. Foi em agosto de 2019, inclusive, que ocorreu o Dia do Fogo , uma ação criminosa organizada por fazendeiros do Pará e iniciada no dia 10, para “mostrar serviço” ao presidente. Os dados de agosto sob a gestão de Bolsonaro tiveram uma pequena queda em 2020 e 2021, 29.307 e 28.060, respectivamente. Porém, apresentaram outro salto ano passado. (PRISCILA PACHECO)
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