DO OC – Estudo publicado nesta quinta-feira (18) na revista Science quantificou o potencial de armazenamento de CO2 por florestas de todo o mundo e concluiu que, sem “contundentes reduções nas emissões”, a estratégia baseada no potencial dessas áreas em capturar carbono é insuficiente para conter o aquecimento do planeta. A equipe de pesquisadores foi liderada por Caspar Roebroek, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich, na Suíça) e membro do Joint Research Centre , o instituto de pesquisas que apoia a elaboração de políticas públicas pela União Europeia.
O cálculo foi feito a partir da modelagem de um cenário em que todas as florestas globais estivessem livres de qualquer forma de intervenção humana— ou seja, desempenhando seu máximo potencial como “sumidouros” de carbono. Os cientistas estimaram, nesse cenário hipotético, quanto a mais de CO2 poderia ser absorvido pelas florestas.
Os resultados indicaram que, mantidas as atuais condições climáticas e com os atuais níveis de emissão e concentração de CO2 na atmosfera, as florestas existentes poderiam acumular até 44,1 bilhões de toneladas de carbono a mais, um aumento de 15% a 16% em relação ao que estocam atualmente. Um bilhão de toneladas de carbono corresponde a 3,67 bilhões de toneladas de CO2.
O potencial de armazenamento, ressalvam os cientistas, varia significativamente entre os países. As florestas tropicais da América do Sul e da África, que sofrem mais com desmatamento e degradação, apresentam um aumento robusto em suas capacidades de absorção de carbono no cenário de zero intervenções humanas nessas áreas. O Brasil, como mostra a figura abaixo, é o país que mais pode aumentar sua capacidade de sequestro de CO2.
Segundo os pesquisadores, a quantidade adicional de carbono que poderia ser armazenada com a preservação total das florestas, apesar de significativa, é insuficiente. Ela corresponde a aproximadamente quatro anos do total de emissões antropogênicas (decorrentes da ação humana) de CO2, considerando as taxas de 2019. O estudo considerou apenas o carbono fixado pelas florestas na chamada “biomassa acima do solo”, ou seja, aquele carbono que fica armazenados nas estruturas vegetais como troncos, ramos e folhas.
As florestas são consideradas “sumidouros” de carbono porque, através da fotossíntese, retiram CO2 e devolvem oxigênio à atmosfera. Mesmo que, no processo de respiração, as plantas consumam oxigênio e devolvam CO2 à atmosfera, parte do carbono fica retido na madeira, folhas e raízes.
“As atuais florestas têm um potencial adicional para armazenamento de carbono limitado para mitigar substancialmente a concentração de CO2 na atmosfera sem que haja uma grande redução nas emissões fósseis. Por isso, a mitigação baseada em florestas não deveria ser confundida com uma compensação aos atuais níveis de emissões de carbono. Pelo contrário, os esforços para reverter as tendências do desmatamento e aumentar os estoques de carbono devem ser vistos como estratégias preciosas e eficazes para compensar futuras emissões residuais do setor agrícola e de indústrias essenciais que provavelmente não atingirão emissões líquidas zero”, conclui o estudo. (LEILA SALIM)
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