“Quando olho pra trás entendo o medo/raiva que tenho de alguns homens, mesmo sem saber o que era na época, dói na alma. Assédio, estupro, violência psicológica. Tem coisas que nem pra minha terapeuta ainda tenho coragem de contar.” (Flu)
“Eu tinha 8, 9 anos. O velho do bar perto de casa chamava eu e amigas pra ir no bar pegar doce com ele. Uma única vez ele passou a mão na minha bunda, nunca mais fui. Outras vezes aconteceu com minha amiga. Teve uma vez que corri e chamei a mãe dela, não lembro o que aconteceu.” (Rê)
“Quando eu tinha uns 9 anos tbm uma pessoa que eu chamava e considerava ‘tio’ sentiu que pintou um clima comigo e passou a me assediar. Com 12 ele tentou me agarrar, mas eu fui esperta, chutei a barriga dele e corri, mas nunca superei.” (Márcia)
“Uma vez no ônibus, voltando pra casa, tinha um véio do meu lado no banco. Eu estava concentrada na leitura, o ônibus deu uma freada e quando olho, tá o véio com o pau pra fora, balançando pra mim. Eu fiz um escândalo, mas nem cobrador, nem motorista fizeram nada. Eu pedi pra descer e adivinha? O veio desceu junto comigo. Foi um terror, pq já era noite. Eu estava tão assustada que subi correndo, sem olhar pra trás. Chegar em casa e ver que ele tinha ejaculado na minha roupa foi degradante, me senti imunda, violada. E ninguém quis me ouvir.” (Flu)
“Eu tinha entre 9/10 anos quando fui assediada por um homem bem mais velho, amigo da minha família. Tenho 60 anos e me lembro até hj a roupa que eu estava vestindo.” (Barbara)
“Eu tinha 17 anos. Estava indo encontrar meu pai, que estava no hidroviário da cidade. Eu usava saia jeans até o joelho e uma camisa verde com manga, e uma sombrinha pra me proteger do calor. Um homem passou por mim, e passou a mão na minha bunda e tentou puxar minha saia. Eu gritei e bati com tudo na cabeça dele com a sombrinha, gritando ‘tarado! tarado!’, inclusive cheguei a quebrá-la por causa da força que usei. O homem tentou fugir mas os populares o pegaram, levou um sopapos na cara, um conhecido do meu pai estava entre os populares e saiu correndo pra avisá-lo, meu pai chegou na mesma hora que os policiais, quando ele me viu aos prantos, falando pro policial que o tarado tinha me agarrado, meu pai virou bicho, partiu pra cima do tarado e só não comeu ele na porrada porque dois policiais o pararam. Ele apontou o dedo pro tarado e ameaçou: ‘se eu te ver por aqui de novo, vou te mandar pro hospital’. Uma coisa que lembro bem, foi quando a polícia chegou e um dos policiais, ao ver o tarado, balançou a cabeça e disse: ‘mas tu de novo?” (Capuccino)
“Eu tinha 13 anos e um cara fdp q tinha idade pra ser meu pai achou q ‘pintou um clima’. Enfim, eu sou uma sobrevivente.” (Ester)
“Sou servidora da UFRN e um dos meus chefes acariciou minhas pernas e meu rosto na sala dele enquanto eu pedia expressamente pra q ele parasse. Qndo a universidade fez uma campanha pra denúncia de assédio, eu denunciei e eles arquivaram o processo mesmo com os prints. Entre os argumentos da comissão pra inocentá-lo: o fato de ele ser casado (?), a demora na denúncia (demorei 2 anos pra denunciar) e o fato de eu ter mandado um e-mail pra ele dizendo q queria conversar, como mulher feminista q sou (a comissão disse q alguém q é assediada não tenta contato com o assediador). Até hj eu tento justiça. Adoeci mto, mto mesmo. Me sinto silenciada. Muita gnt sabe quem é a pessoa pela forma q fiquei na época. Ele continua de boas. Eu to aposentada por invalidez com stress pós traumático.” (Helena)
“Lola, eu me lembro de, quando CRIANÇA, por duas vezes, pelo menos, um velho me mostrou seu órgão genital na rua. E quando adolescente, 1 vez. Também fui encoxada no ônibus por um senhor com a Bíblia na mão… Tive uma tentativa de estupro e também fui abusada pelo meu avô.” (Miss)
“Eu tinha 12 anos e estava viajando com a minha avó, na casa da irmã dela. O sobrinho dela, que tem a idade do meu pai, achou que ‘PINTOU UM CLIMA’ depois de me levar pra tomar sorvete. A coisa mais nojenta que eu lembro é dele lambendo minha orelha.” (Aline)
“Eu tinha 9 anos, tava brincando na rua e um cara parou o carro pra pedir informação. Ele tava se masturbando com um sorriso. Corri pra casa atordoada, não tive coragem de contar pra minha mãe, passei mal de pensar na cena e tive muito problema pra dormir por meses. Em outra ocasião fui tocada por um menino 5 anos mais velho qdo brincávamos de esconde-esconde. Eu tinha 10 ANOS e nunca mais brinquei de novo. Já naquela época ele disse que a culpa era minha por estar de saia.” (Lu)
“Eu tinha 11 anos. Meu avô materno me mandou varrer o quarto onde ele dormia. Me trancou lá. Disse que ia mostrar como uma mulher fazia na outra. Ele fez sexo oral, esfregou o pênis e usou meus seios.. Hj estou na justiça contra ele e minha mãe me expulsou da família por denunciá-lo.” (Hy)
O post ““PINTOU UM CLIMA” FAZ MULHERES LEMBRAREM SUAS HISTÓRIAS DE HORROR” foi publicado em 21st October 2022 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva