A combativa vereadora do RJ Tainá de Paula (PT) fez uma thread bem relevante no seu Twitter . Vou reproduzi-la aqui.
Tainá, mas que história é essa de achar que racismo tem a ver com meio-ambiente e tem a ver com as mudanças climáticas? Pois siga o fio.
As plantations [grandes extensões de terra onde são cultivados produtos tropicais com fins de exportação] deixaram um legado de produção agrícola perverso e danoso ao meio-ambiente, produzindo a monocultura em larga escala, deslocada das necessidades locais e reproduzindo mão-de-obra precária.
A produção de cana-de-açúcar, por exemplo é recordista de trabalho escravo até hoje, uma vez que a demanda aumenta com a alta da gasolina e a escassez de equipamentos faz com que o trabalhador rural seja mais requisitado. Adivinhem a cor dos trabalhadores rurais escravizados.
O uso ininterrupto do solo vem gerando o fim de sistemas hídricos inteiros, ocasionando mudanças climáticas profundas.
As populações ribeirinhas são diretamente afetadas pelas secas e migram para fora de suas terras em busca de condições melhores de vida, indo morar em grandes centros, sem trabalhos formais e fora de seu ambiente tradicional. Sem rio pra pescar, sem terra pra plantar.
Os negros são a maioria da população localizada em favelas e periferias e essas áreas estão suscetíveis a inundações, chuvas de 50 anos, ocupação de margens de rios e talvegues. Ou seja: a cada intempérie e mudança no regime de chuvas, essas áreas estão mais propensas a desastres.
O crescimento populacional, o aumento do consumo per capita, a expansão das cidades nas próximas décadas fazem mais presente o debate sobre a incapacidade de atender às novas necessidades humanas. Nós produzimos o que não precisamos comer ou o que não podemos pagar.
Deu pra descobrir porque negros precisam acompanhar a agenda do clima? Não é só um problema da Greta Thunberg!
Para saber mais sobre racismo ambiental.
O post “MEIO AMBIENTE, RACISMO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: TUDO INTERLIGADO” foi publicado em 4th November 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva