No mais recente protesto Fora Bolsonaro, realizado em várias cidades brasielras no dia 24 de julho, a horripilante estátua de 13 metros do bandeirante Borba Gato, em Santo Amaro, São Paulo, foi incendiada. Ela passa bem. Alguns dias depois, recebeu um pouco de tinta. Ficou menos feia. Mas não alivia o genocídio de indígenas e negros que ela representa.
Em represália, fascistas picharam uma das homenagens mais famosas a Marielle Franco, um escadão que leva o seu nome, também em SP. Jogaram tinta vermelha, escreveram “666” (mais um símbolo nazista) e “viva Borba Gato”, e desenharam um pênis na boca. Também jogaram tinta vermelha num monumento da Carlos Marighella. Felizmente, um grupo de artistas reparou o escadão Marielle no dia seguinte.
A discussão sobre heróis e heroínas que merecem ser homenageados continua, assim como o que é ou não vandalismo. Recomendo a assinatura do abaixo-assinado criado pela vereadora Luana (Psol-SP), que propõe substituir a estátua de Borba Gato por uma da líder quilombola Tereza de Benguela. Reproduzo este texto de Fran Rodrigues para o Juntos.
Precisamos falar sobre a adoração por estátuas de torturadores e escravistas no Brasil e no mundo.
Em 2020, ano marcado pela luta antirracista nos Estados Unidos e em todo o mundo após o brutal assassinato do George Floyd por um policial branco em Minneapolis.
Naquele momento, manifestantes dos atos antirracistas nos ensinaram que lugar de estátuas que homenageiam escravagistas é no lixo e não enfeitando a cidade.
As manifestações aqui no Brasil contra o governo genocida de Jair Bolsonaro estão cada vez mais fortes e precisamos potencializar as lutas do povo nas ruas ainda mais.
Já somos milhões nas ruas desde a primeira manifestação. O povo pede socorro, já são mais de 550 MIL VIDAS perdidas para o vírus que o presidente escolheu como seu aliado.
No penúltimo sábado (24 de julho), novamente manifestantes foram às ruas em todo o Brasil gritar fora Bolsonaro. Mas o que o sistema opressor, que vangloria torturadores e escravagistas, não esperava era que manifestantes na cidade de São Paulo, uma das principais capitais do Brasil, colocariam fogo na estátua que homenageia Borba Gato.
O Brasil viu queimar a estátua de mais de 13 metros de altura em um local de forte fluxo de pessoas.
Borba Gato foi um líder bandeirante que caçava indígenas para escravizar e lucrar com o trabalho desse povo entre 1674-81. Não foi herói e nem nunca vai ser e por isso não merece homenagens em nenhum local nesse país.
Assim como o atual presidente da república, Borba gato não passou de um genocida que massacrou o povo indígena.
O problema é que homenagear escravistas nas ruas é algo muito importante no país que segue massacrando o povo indígena e nós não podemos permitir isso. Queimar a estátua de Borba Gato foi um ato revolucionário.
Assim como nos Estados Unidos, os manifestantes fizeram história derrubando estátuas de escravagistas, mostrando que esses que escravizaram negros e indígenas não nos representam e o lugar deles é no lixo ou em chamas, como aconteceu em São Paulo no dia 24 de julho.
Vivemos no país que se comove mais com a queima de uma estátua do que com a vida de milhares que morrem por dia. Vivemos no país que se comove mais com a queimada de uma estátua do que com operação policial em Paraisópolis que tirou a vida de 9 jovens periféricos. A Amazônia está em chamas há tempos e não vimos tamanha comoção com as queimadas.
Agora, após Borga Gato ficar em chamas, o prefeito se pronunciou para dizer que “a reforma no momento será custeada por um empresário”. Essa é a importância dada para aqueles que escravizaram.
Lutar não pode ser considerado vandalismo! E claro que a perseguição contra aqueles que manifestaram sua indignação já está sendo colocada em prática. No dia 26 de julho, foi decretada a prisão do entregador antifascista Galo e sua companheira Gessica. [Gessica foi solta na sexta, dia 30 de julho. Galo segue preso].
Nós que lutamos pela democracia neste país, temos a tarefa de mobilizar para que Galo e Gessica sejam libertados. É inaceitável que um criminoso como Borba Gato tenha uma estátua em uma das maiores capitais desse país e aqueles que lutam por uma mundo mais justo sejam detidos pelo estado.
Lutar não é crime. vandalismo é escravizar alguém!