Eu sempre disse que os mais fiéis apoiadores de Bolso são os mascus, na sua maioria neonazis e supremacistas, todos misóginos, racistas e LGBTfóbicos. Em 2010 ou 2011, quando o atual excrementíssimo presidente da república era uma caricatura que aparecia em programas de TV duvidosos e ninguém sonhava que aquele deputado fascistoide poderia um dia se eleger a um cargo executivo, mascus já faziam campanha pra Bolsonaro presidente.
E está bem documentado que, em abril de 2011, um grupo neonazista reuniu alguns supremacistas em frente ao Masp, na Av. Paulista, para apoiar o “único deputado que bate de frente com esses libertinos ecomunistas”.
E muita gente lembra de 2013, quando foi preso um skinhead que, orgulhoso, postou uma foto enforcando um morador de rua em Belo Horizonte. Mais tarde o covardão foi condenado a 8 anos de prisão. Mas o que mais chamou a atenção foi que a polícia descobriu em sua casa uma carta do então deputado federal Bolsonaro endereçada a ele. O que dizia a carta? Ainda não sabemos. Foi confiscada pela polícia, que nunca divulgou seu conteúdo.
Enfim, há várias ligações entre Bolso e neonazistas. Sempre houve. Sempre avisamos. E, ainda assim, quase 58 milhões de brasileiros elegeram um nazista. Semana passada, a antropóloga Adriana Dias, uma das maiores pesquisadoras sobre a extrema-direita no país, revelou uma carta enviada por Bolso a três dos maiores sites neonazistas no Brasil. A data? 2004! Ou seja, bem antes do que a gente imaginava!
Reproduzo aqui o Diário do Bolso de 1o de agosto de 2021, escrito por José Roberto Torero, publicado na Carta Maior . Embora seja uma (ótima) coluna humorística, ela explica bem mais esta conexão entre o miliciano nazista e os nazistinhas que o chamam de mito:
Diário, uma tal de Adriana Dias, que é antropóloga (o que faz uma antropóloga, pesquisa de antros, tipo boate da rua Aurora?), descobriu que os nazistas brasileiros já me apoiam desde 2004.
É que ela viu publicações a meu favor em três sites nazistas diferentes. Era essa mensagem bonita aqui, ó: “Ao término de mais um ano de trabalho, dirijo-me aos prezados internautas com o propósito de desejar-lhes felicidades por ocasião das datas festivas que se aproximam”.
Mas e daí, pô!? Qual o problema de desejar feliz natal pra nazista? Eles também gostam dessa festa. Só não gostam muito de Jesus, que era judeu, e acho que iam colocar fogo na manjedoura. Mas, tirando isso, tudo bem.
E, depois, na mensagem eu ainda dizia: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato”. Bonito, né?
Pra completar, tem uma foto minha fardado (os caras adoram uma farda) e uma propagandinha a favor das armas, que é o meu lobby meu desde sempre.
O tal do Intercept fez o maior bafafá com isso daí. Mas qual é a novidade? Tem que ser muito burro pra não saber que os nazistas me apoiam. Será que não lembram que eu disse que o holocausto podia ser perdoado? Será que esqueceram que o Alvim, meu ex-secretário de Cultura, deu uma plagiada no discurso do Goebbels? Será que esqueceram que o Filipe Martins, meu assessor especial, foi pego fazendo gesto de white power no Senado?
E, mesmo que tenham esquecido tudo isso, era só ver a minha cara na semana passada, quando recebi a Beatrix von Storch, deputada por um partido alemão de extrema direita e neta do ministro das Finanças do Hitler. Fiquei até com dor no maxilar.
Tá na cara que o Adolf é uma inspiração pra mim. É só ver meu cabelo, meu jeito de ficar nervoso e o meu gesto de fazer arminha (que é até mais bacana que aquele braço esticado dele).
Olha, Diário, o meu patriota é o ariano do Hitler. É o cara que se sente superior, o cara que sabe a verdadeira verdade (tipo cloroquina).
Só não vê quem não quer.
O post “BOLSO E NEONAZIS, UMA HISTÓRIA DE AMOR DESDE 2004 (NO MÍNIMO)” foi publicado em 2nd August 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva