Hoje a pesquisa Atlas apontou que, se a eleição presidencial fosse agora (antes fosse! Suspiros…), Bolsonaro, com desaprovação de 62%, perderia para todos os candidatos da dita terceira via no segundo turno (Ciro, Dória, Mandetta etc), e inclusive de Haddad (PT). De Lula, então, nem se fala.
As dúvidas são se teremos eleição ano que vem (ora por causa de um impeachment do Coisa Ruim, o que parece cada vez mais improvável agora que o Centrão tomou posse do governo, ora por algum golpe de Estado que o Capetão promova), se Bolso vai de fato concorrer (esta semana ele sugeriu pela segunda vez que talvez não, e é fato que ele não tem partido), se haverá um candidato da terceira via eleitoralmente viável, e se Lula conseguirá ganhar já no primeiro turno.
As chances por enquanto são grandes. Claro que ainda falta mais de um ano pra eleição, e que as coisas podem mudar até lá, mas o retrato atual é que Lula tem quase a mesma porcentagem de votos que todos os candidatos (incluindo aí Bolso) somados. O jornalista Rogério Tomaz mostrou que, embora os veículos não mencionem isso, se forem considerados os votos válidos, Lula já tem mais de 50% .
O sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto de pesquisa Vox Populi, disse hoje em sua coluna na Carta Capital que Lula não precisa de Bolsonaro para vencer as eleições do ano que vem. Coimbra começa assim:
“Lula lidera as pesquisas por seus méritos, não pelos defeitos de Bolsonaro. A dianteira que tem não é função de o capitão ser aquilo que é, o traste que vemos, uma pessoa desprezível e um governante ridículo. No meio político, em especial na mídia, ainda há quem insista na lengalenga de que Lula torce por Bolsonaro, deseja que seja ele o adversário e faz corpo mole em relação ao impeachment. Como se Lula quisesse enfrentar Bolsonaro, pois só assim ganharia.
Nada disso é verdade. Nenhuma pesquisa corrobora o raciocínio. Mostram é que Lula não precisa de Bolsonaro para vencer. Nas pesquisas relevantes, o petista tem, hoje, algo em torno de 45% das intenções de voto, em qualquer cenário de primeiro turno. Nenhuma dá a ele menos que 55% no segundo, independentemente dos (muitos) nomes testados.
O ex-presidente alcançou esse tamanho faz tempo e o mantém faça chuva ou faça sol. Preso em Curitiba, vítima da farsa judicial encenada por Moro e seus rapazes, proibido de falar por um ato de força militar, sofrendo o ataque ininterrupto da mídia corporativa e alvo da mais intensa campanha de desmoralização que as Organizações Globo jamais desfecharam contra alguém, Lula, no fim de agosto de 2018, tinha 39% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Nessa pesquisa, feita entre 21 e 22 de agosto, a 40 dias da eleição, Bolsonaro estava 20 pontos atrás, com 19%, a metade de Lula. Nem se fabricasse duas facadas teria chance de ganhar”.
É importante que Coimbra afirme isso porque realmente é uma narrativa que temos ouvido bastante: que Lula (e o PT em geral) não está interessado no impeachment de Bolso porque prefere a polarização com Bolso para ganhar mais fácil. Bom, pra quem não está interessado no impeachment, até que o PT vem lutando bastante por ele. Nas últimas três manifestações contra Bolso, o que mais se viu foram bandeiras do PT (muito mais do que de outros partidos). Deputados e ativistas petistas se empenharam em divulgar os protestos nas redes sociais.
Sem falar que, pelas pesquisas, Lula ganha fácil de todos os candidatos no segundo turno. Sem a participação de Bolso, aumentam as chances do petista vencer já no primeiro turno. A aposta de que o antipetismo falaria mais alto e todos se uniriam contra Lula não se ancora na realidade. Como diz Coimbra quase no final de seu texto:
“Há quem diga que Lula está com 45% porque não surgiu, ‘ainda’, uma opção de ‘terceira via’, coisa que só quem não conhece ou não consegue entender as pesquisas afirmaria. Em todas, são oferecidos os nomes dos postulantes a esse papel e, como pululam, os institutos chegam a incluir mais de uma dezena de hipóteses. Nenhum se destaca: na pesquisa recente do Ipec, Lula obtém sete vezes (49%) a intenção de voto do melhorzinho, que aparece em terceiro lugar, atrás do capitão (com 7%). Sozinho, o ex-presidente tem quatro vezes a soma de todos.
Estamos indo para a eleição de 2022 com Lula no seu tamanho histórico e, portanto, mais uma vez, favorito. A direita e a centro-direita não conseguem se desvencilhar do capitão, um candidato horroroso, mal avaliado e antipatizado. Substituí-lo tende, porém, a ser inútil, como as pesquisas deixam claro. A “terceira via” só tem nomes eleitoralmente frágeis, de baixo enraizamento popular e pouco conhecidos. Contra qualquer um deles, o favoritismo de Lula permanece”.
Pois é. O favoritismo de Lula é tão grande que a gente treme só de pensar o que a elite, a mídia tradicional e o deus mercado terão de fazer para impedi-lo que volte à presidência.
O post “QUEM DISSE QUE LULA E O PT PREFEREM ENFRENTAR BOLSO NAS ELEIÇÕES DE 2022?” foi publicado em 30th July 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva