O mascu Emerson Eduardo Rodrigues, que talvez tenha mudado seu nome para Emerson von Staffen na Espanha, onde está vivendo desde o início de 2018, continua me devendo R$ 25 mil de indenização. Ele me processou em 2013, após ser preso pela Operação Intolerância, ser condenado a 6,5 anos, e cumprir pouco mais de um, e eu entrei com reconvenção, porque ele já gravou (continua gravando) centenas de vídeos (literalmente!) me caluniando e difamando. Ano passado a sentença finalmente saiu, e eu ganhei. Suponho que o neonazi estelionatário não tenha nada no seu nome, mas vamos tentar receber (ele também deve os custos processuais pras minhas advogadas).
Por falar em advogado, uma das mentiras que Emerson grava, na maior cara de pau, é que eu ameacei o advogado dele para abandonar o processo. Gostaria que o advogado dele o desmentisse, já que eu nunca falei ou escrevi pra ele. Fora que quem ameaça são os mascus, não eu. O advogado do Emerson abandonou o processo, imagino, porque o neonazi não lhe pagou um centavo do que devia.
Pelo que ando acompanhando da vida de Emerson nos milhares de vídeos que ele grava (eu só ouço um ou outro, pois não tenho tempo e são muito repetitivos, sempre as mesmas velhas mentiras, paranoias e fantasias sexuais com cinta-pica de titânio — não me perguntem o que é isso, conheci o termo através de seus vídeos), ele, cumprindo a agenda neonazi de que a covid é uma farsa global comunista para implantar um chip na gente através da vacina, acredita que a pandemia não existe, que o vírus é uma gripezinha, e que máscara mata. Ainda assim, ele pegou covid, quase morreu, e contaminou um monte de colegas de trabalho, os quais criticou por terem contado pra empresa que estavam infectados (isso é coisa de quem não quer trabalhar, segundo Emerson).
Vi um vídeo dele em que sua pobre filha, que felizmente ficou no Brasil com a mãe, chora e se esconde embaixo da mesa enquanto ele tenta falar com ela via videoconferência. Emerson diz repetidamente à menina de 8 anos: “Ninguém gosta de você, só o papai”, e “Você não pode confiar em ninguém no mundo, só no papai”. Ele também diz pra ela que se ela tomar um sorvete irá ficar gorda e daí nenhum homem vai querê-la, e que se ela não escovar os dentes as baratinhas entrarão na boca dela à noite. Não é à toa que a ex-mulher está considerando terapia pra filha (que Emerson proíbe). Torço para que a ex consiga cortar todo contato da filha com o neonazi, porque qualquer influência sua é nefasta.
Vi um outro vídeo em que Emerson, nu, passa um tempão falando de sexo com um bando de moleques tentando se passar por mulheres. Nessas horas fico pensando o quanto Emerson sabe que não está falando com mulheres (ninguém pode ser tão ingênuo), ou se ele prefere acreditar que não são garotos adolescentes. Como é público e notório pra qualquer pessoa que já viu meio vídeo do Emerson, ele é um gay homofóbico que seria infinitamente mais feliz se se assumisse.
Porque é batata: um homem seguro e confortável com sua orientação sexual não gasta todo o seu discurso afirmando não ser gay. Infelizmente, Emerson segue com suas mentiras de ser tão hétero (porque no caso dele parece ser um grande esforço) que “dormiu em casinha de cachorro” a se deitar com Rogério Gaspar, com quem ele morou durante vários anos — um homem que agora Emerson diz ser pedófilo e que foi assassinado em circunstâncias horríveis em sua casa em Curitiba em 2008, sem que ninguém tenha sido indiciado.
Emerson jovem com alguns cães de Rogério que ele torturou, diz ele que para treiná-los |
Como Emerson conheceu Rogério? Em 1997, com 19 anos, o já neonazi viu uma foto de uma tal de Paula numa coluna social e pediu a Deus para conhecê-la. Teve um desejo paranormal de sair de casa de madrugada, andando em Curitiba, e quem ele conhece? Não Paula, mas Rogério, que por coincidência era tio de Paula. Rogério estava num carro catando garotos de programa e buzinou pra Emerson, que não notou que estava sendo cantado. Pouco depois, o neonazi foi morar com Rogério, mas ficava chateado quando todo mundo achava que eles formavam um casal. Ele nunca foi apresentado a Paula. Em 2002 casou-se com uma mulher por quem não sentia qualquer atração para que as pessoas parassem de pensar que ele era gay.
Emerson acusa Rafaela, uma mulher por quem ele é completamente obcecado e a quem stalkeia desde 1995, de mandar matar Rogério. Ele conta que fez o famoso “vídeo na Índia” de 2011 — em que diz um monte de coisas racistas e misóginas, como “quando o Brasil se tornar isso [a Índia], porque todas as loiras miscigenadoras vão trepar com um macaco, e não vai ter mais homem branco que nem eu, aí quero ver o que vai acontecer” (é possível ver o vídeo aqui ) — porque Rafaela enviou a ele um vídeo em que ela transa com um número de negros que varia entre 3 a 19. Sério mesmo! Ele fala desse vídeo insistentemente há anos, e a cada vez cita um número diferente, o que, pra mim, simplesmente prova que tal vídeo nunca existiu.
Porém, como o desgramado não tem nada a perder, como é difícil pacas processar alguém em outro país, ele segue difamando quem ele quiser. Logo que pisou na Espanha, subiu o tom nas suas calúnias contra outra mulher por quem é obcecado, e que nunca pronunciou seu nome: a deputada federal Joice Hasselmann. Emerson não falava tanta baixaria nem quando estava nos EUA, mas realmente confia na impunidade na Espanha, e por isso, além das acusações de sempre contra ela (de que ela rouba, que é prostituta, que comprou seu diploma etc), ele incluiu uma nova: que eles foram amantes anos atrás, quando ambos eram casados com outras pessoas. Ele inventa algo mais absurdo a cada citação (desde um episódio escatológico que Emerson narra nos mínimos detalhes, o que me faz pensar se isso não aconteceu com ele ao fazer sexo anal com outro homem, a sacrifício de bebês num altar).
Eu já falei em outro post que Emerson nunca sequer teria coragem de se aproximar e falar com uma mulher como a Joice, e ele confessou em vários vídeos que de fato não chegou perto dela no shopping em Curitiba quando a viu. O que ele fez então para seduzi-la? Telepatia? Não, uma tática que, segundo ele, ele usa com muitas mulheres, porque não suporta levar um fora ou ser tratado com desprezo. Ele pagou para um cara entregar um bilhetinho pra Joice. E pronto, foi o início de um tórrido caso que durou entre duas semanas a um ano, dependendo da versão de Emerson na hora. Putz, seria incrível se o neonazi que só pega mulher na internet contasse pros incels que o ouvem o que ele escreveu no bilhetinho pra ser tão bem sucedido.
Há vários exageros de Emerson que me divertem. Segundo o neonazi, existe uma vasta conspiração internacional contra ele, em que igrejas evangélicas, maçons, todo o movimento LGBT, feministas, ex-namoradas, Bolsonaro e outros montes de reaças se uniram pra destrui-lo. Eu, por exemplo, estou unida com pastores, com Joice, com Rafaela, com Bolso, com Olavo, e, acima de tudo, com Marcelo Valle Silveira Mello, seu ex-comparsa, que está cumprindo pena na prisão desde maio de 2018. Que eu pertenço ao outro lado ideológico dessa gente não muda nada. Quando eu falo mal deles é só pra disfarçar. E tudo que Marcelo fez contra mim foi acertado apenas para me promover, aprovar uma lei com meu nome, e me render dezenas de capas de revistas (cite uma!).
A quantidade de indivíduos e instituições contra Emerson só perde para o número de pessoas envolvidas no assassinato de Rogério Gaspar, das pessoas que tentaram incriminá-lo com terrorismo nos EUA, daquelas que já ameaçaram ou aplaudiram as ameaças contra sua filha, de quantos homens gays já deram em cima dele e ofereceram fortunas em troca de sexo com ele (e pensar que há tantos homens héteros que passam toda uma vida sem receber uma só cantada gay!), e das tantas estão envolvidas nos massacres de Realengo e Suzano (que só ocorreram com o intuito de incriminá-lo). E as listas só aumentam! Cada novo desafeto de Emerson entra em no mínimo uma dessas listas.
Desnecessário dizer que, de acordo com o neonazi, eu me encontro em quase todas as categorias (ainda não fui acusada de matar Rogério, apesar de ser acusada de mandar incendiar a casa da primeira mulher de Emerson). Como tampouco sou homem gay, não estou na categoria de quem canta o Emerson. Se bem que pode ser uma questão de tempo. Este ano o mascu lançou uma outra teoria sobre mim: que eu seria homem, ou melhor, travesti. Ele está convicto disso e só será convencido do contrário caso eu mostre minha certidão de nascimento (ele já mandou investigarem na Argentina). Danem-se as inúmeras fotos minhas de quando eu era menina. Pelo jeito já sou travesti desde a mais tenra idade. E isso me desqualifica de querer liderar as mulheres (eu quero?). Eu deveria me contentar em liderar os gays. É bem confuso, eu sei.
A pedidos, porque sou organizada e estava muito fácil de encontrar
Mas uma regra básica sobre tudo que Emerson acusa os outros é que ele não é muito criativo. Ele acusa de coisas que ele é, que ele fez e faz (tipo dar golpe em amigos, comprar diploma, falar inglês macarrônico, stalkear, ameaçar, atacar a família do alvo, fugir do país, falsificar documentos, etc etc). Ele inventar que sou travesti deriva de um trauma dele que, quando criança, era confundido com uma menina.
Estou em boa companhia. Nazistas adoram dizer que mulheres poderosas, e em geral negras, são na realidade mulheres trans, ou, no entender transfóbico dessa gentalha, homens. Eles gostam de fazer memes de Michelle Obama, Kamala Harris, Oprah Winfrey, e Hillary Clinton também, com músculos e pênis. Dessa forma, ao mesmo tempo que sugerem que uma mulher não pode ter poder (se tem, é porque é homem), também chamam seus maridos (principalmente Obama e Clinton) de gays, por tabela. Win-win! Bom, se eu fosse uma mulher trans, assumiria com orgulho. Aliás, fica a dica, Emerson: assuma sua orientação sexual. Vai te tirar uma carga enorme, você vai ver. Carluxo, se você estiver lendo isso, vale pra você também.
Eu gosto muito também quando Emerson fala que já denunciou (insira aqui qualquer nome) pras autoridades, pro FBI e pra Interpol, e que se tal pessoa tentar entrar nos EUA ou na Europa, será barrada ou presa. Porque Emerson tem esse poder! Ele também determina quem vai pro inferno, porque deus está com ele, um cara tão bonzinho (tão bonzinho que era conhecido na vizinhança por bater na mãe desde a adolescência, e tem orgulho disso. Aqui um áudio hediondo de 2015 de Emerson agredindo sua mãe que o sustentava).
Mas a história que eu mais gosto do Emerson é uma que ele conta inúmeras vezes em seus vídeos, demonstrando como aquilo foi um fato marcante em sua vida. Ele estava num posto de gasolina nos EUA em 2016 quando uma menina que ele considerou linda (que ele descreve como “uma loirinha, a coisa mais linda, de boneca, sem nenhuma tatuagem no corpo, linda, de morrer”, provavelmente menor de idade) passou na sua frente com um namorado (com pinta de “rapper, vagabundão, sujão, cheio de tatoos, aquele cabelão, tudo, né?” Em outros vídeos Emerson, condenado por racismo e pedofilia em 2012, já disse que o sujeito era negro).
Emerson ficou revoltado, já que ele é neonazi e, pra ele, a menina branca estava “traindo a própria raça”. Ele se sentiu tão indignado e traído que pensou em ligar sua Ranger e passar por cima dos dois. Mas preferiu deferir-lhes um profundo olhar de desprezo (“um olhar mais revelador do que se você matar cem pessoas”, segundo ele) em vez de “f*der sua própria vida por causa de gente que quer que você faça isso”. Ele avisa os incels para não fazerem o que aquele supremacista maluco que jogou seu carro em cima de pessoas em Charlottesville fez, mas justificou que o cara nem era maluco, os homens de bem apenas ficam malucos ao verem aquilo (um relacionamento interracial).
“Confesso que fiquei mordido quando vi aquela cena em Joliet, Illinois”, diz Emerson num vídeo. “Mas meu amigo, sabe o que que eu fiz? Fui pra dentro do posto, comprei refrigerante. Elas fazem isso pra testar a reação da gente. Passou do meu lado e eu olhei com olhar de desprezo, de superioridade, praquela mulher que tava jogando tudo que os pais dela colocaram nela ela tava jogando no lixo. Olhei pra cara do cara, o cara era um maloqueiro, um lixo, daqueles fumando droga, maconha, tudo, porra, a mulher toda linda, linda, linda de morrer, mas totalmente podre por dentro. Aí eu olhei assim pro lado com olhar de desprezo mesmo, e ela tentando chamar a atenção com o cara lá dentro, eu olhei assim, entrei na Ranger, tomei aquela coquinha gostosa, comi, comecei a falar no celular, entendeu, e foi isso, cara. Né? Foi isso. O máximo que eu fiz foi tirar uma foto pra tirar sarro dela”.
Resumo: Emerson ficou encarando a garota e seu namorado, pensou em atropelá-los, olhou feio pra eles, ficou olhando mais ainda, tirou uma foto deles (e a colocou nas redes sociais, xingando-os?), e narra esse acontecimento em dezenas de vídeos, anos a fio. E a menina provavelmente não notou nada disso. Sequer registrou a existência de Emerson. Mas, pra ele, foi um trauma indelével.
Um ótimo resumo dos mascus, que odeiam mulheres que nem sabem que eles existem.
O post “EMERSON E A MENINA DO POSTO” foi publicado em 19th July 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva