Durante reunião virtual da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara nesta quarta-feira (9), representantes das famílias atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), reclamaram da atuação da Fundação Renova.
A Fundação Renova foi criada após um termo de ajuste de conduta assinado entre a empresa Vale e o governo do estado para garantir a implementação de programas que abrangem os 670 quilômetros da área impactada pelo rompimento da barragem em 2015.
A Fundação Renova não compareceu à reunião — o que, para a procuradora do Ministério Público Federal, Flávia Torres, reflete o descaso com que a Vale vem tratando o assunto nos últimos seis anos.
“Infelizmente, o que a Fundação Renova fez aqui, de não comparecer e de não estar disposta a dialogar, é o que ela normalmente faz nos territórios. Isso traz essa sensação de desconforto e de invisibilidade dessas pessoas atingidas, que não conseguem se fazer ouvir”, salientou.
A representante da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social de Minas Gerais, Verônica Souza, destacou, como mostra da ineficiência da Fundação Renova, os gastos de milhões de reais em propaganda, ao passo que os projetos de ajuda aos atingidos não estão sendo implementados de forma correta.
“Os exemplos são vários: seis anos sem nenhuma comunidade reassentada, 34% das famílias cadastradas foram indenizadas, centenas de cancelamentos unilaterais de auxílios financeiros emergenciais, sem direito a contraditório e ampla defesa, além de casas reformadas 4, 5 vezes por falha nos projetos”, enumerou.
A representante dos atingidos de Bento Rodrigues, Mônica dos Santos, lamentou que justamente os principais interessados, os atingidos, não tenham uma participação mais efetiva na solução dos problemas junto à Fundação Renova, que não obedece aos acordos com a Justiça.
“Acordos são feitos, diretrizes são homologadas e a Fundação Renova simplesmente não obedece. Hoje faz cinco anos, sete meses e quatro dias e tem sete casas no reassentamento de Bento e pronto!”, reclamou.
Para o deputado Padre João (PT-MG) , a demora nas indenizações e na construção de casas mostra o descaso da Fundação Renova, já constatado nas reuniões regionais.
“Só essa questão de até hoje a Vale ter construído apenas sete casas é um abuso, é como um novo crime”.
O deputado salientou que, além do descaso com a Justiça, ao não cumprir os acordos, a Fundação Renova demonstrou também descaso com o Poder Legislativo, ao não participar da reunião.
Fonte
O post “Atuação da Fundação Renova é questionada em comissão da Câmara” foi publicado em 9th June 2021 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Câmara notícias – Câmara dos Deputados