DO OC – Os ministros de Finanças do G7 , o clube dos países mais ricos do mundo, se reúnem nesta sexta-feira (4) no Reino Unido, como preparação para a cúpula do grupo no dia 11. E estão sentindo o bafo quente na nuca. Com a aproximação da COP26, a conferência do clima de Glasgow, marcada para novembro, a pressão por medidas urgentes e ambiciosas de mitigação climática – e de financiamento para os países pobres – está aumentando sobre os países ricos.
Na última semana, uma carta assinada por 126 ganhadores do prêmio Nobel alertando que o “tempo está se esgotando para prevenir mudanças irreversíveis” foi enviada aos líderes do G7, e um relatório da organização humanitária internacional Care foi publicado denunciando que os planos de financiamento climático dos países ricos ainda estão aquém da meta de US$100 bilhões com a qual se comprometeram em 2009. Na ocasião, o compromisso era destinar esse valor aos países pobres todo ano a partir de 2020.
Na análise feita a partir dos 24 planos financeiros que os países desenvolvidos submeteram no âmbito do Acordo de Paris, o relatório da Care, intitulado Hollow Commitments (“Compromissos Vazios”, em inglês), descobriu que os projetos de apoio dos países ricos às ações climáticas nos países pobres estão pelo menos US$ 20 bilhões abaixo do que haviam se comprometido, e que as propostas não são claras nem estabelecem cronogramas objetivos para a destinação dos fundos.
Recentemente, na retomada das negociações climáticas internacionais prévias à COP26, que haviam sido interrompidas pela pandemia, a secretária-executiva da Convenção do Clima da ONU, Patricia Espinosa, alertou que para o sucesso da cúpula de novembro um dos elementos cruciais seria o cumprimento da promessa do aporte de US$ 100 bilhões pelos países ricos.
De acordo com o relatório apresentado pela Care, apenas três dos 24 países -Luxemburgo, Nova Zelândia e Reino Unido – apresentaram documentos demonstrando um planejamento que inclui o aumento de suas finanças climáticas, sendo que esse aumento não seria suficiente para suprir a lacuna dos US$ 20 bilhões em relação à meta; cinco países indicaram que os recursos destinados ao clima permanecerão em grande parte constante nos próximos anos; e a maioria dos países forneceu quase nenhuma informação quantitativa sobre indicativos futuros de suporte financeiro, apesar de esse ter sido o compromisso firmado em 2015.
“Além disso, nenhum país forneceu informações sobre o que eles consideraram ser sua parte justa dos US$100 bilhões, como tal número foi estabelecido, e como e quando eles iriam cumpri-lo”, diz o documento.
“É bastante chocante que quase seis anos após o início do Acordo de Paris, os países ainda não estejam cumprindo suas promessas de financiamento de ações climáticas, quando os impactos estão sendo sentidos de forma tão severa pelas nações pobres”, diz o Chikondi Chabvuta, Conselheiro Regional de Advocacia da África Austral da Care.
NOBEL
O “puxão de orelha” também veio de autoridades como o líder espiritual Dalai Lama, o astrofísico Brian Schmidt e a escritora Alice Ann Munro. Na carta divulgada há poucos dias, que assinam com outros 123 ganhadores do Prêmio Nobel, eles afirmam que “a humanidade está assumindo riscos colossais com nosso futuro comum”. O documento, inspirado nas discussões que ocorreram durante a primeira cúpula do Prêmio Nobel, em abril, faz um apelo para que políticos e cientistas trabalhem juntos a fim de estabelecer medidas de curto e longo prazo para garantir “a sobrevivência de toda a vida neste planeta”. Na carta, concluem que “o potencial a longo prazo da humanidade depende de nossa capacidade hoje de valorizar nosso futuro em comum. Em última análise, isso significa valorizar a resiliência das sociedades e a resiliência da biosfera da Terra”.
O post “G7 se reúne sob pressão para abrir a bolsa” foi publicado em 3rd June 2021 e pode ser visto originalmente na fonte OC | Observatório do Clima