12 de março 2020 (14 meses atrás): Brasil tem sua primeira vítima fatal por covid-19
Final de abril de 2020: 5 mil mortos. Discurso de Bolsonaro: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre”.
Meados de junho 2020: 50 mil mortos
Agosto 2020: 100 mil mortos
Novembro 2020: 160 mil mortos. Discurso de Bolso: “Lamento os mortos, todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade, tem que deixar de ser um país de maricas”.
Janeiro 2021: 200 mil mortos
Final de fevereiro 2021: 250 mil mortos
Março de 2021, 38 dias atrás: 300 mil mortos
10 de abril 2021: 350 mil mortos
Ontem: ultrapassamos 400 mil mortos.
Somos o segundo país do mundo em número de vítimas de covid.
Mortes evitáveis, se tivéssemos vacinas antes, se o presidente da nação não tivesse dito quase que diariamente que a pandemia era apenas uma gripezinha, que máscaras não resolviam nada e até matavam, que havia cura (cloroquina e remédio pra vermes). Em breve passaremos os EUA, um país com população muito maior que a nossa (330 milhões vs 220 milhões), que conta com 547 mil mortos, mas o número está em declínio. O que eles fizeram pra brecar as mortes? Trocaram o presidente.
Poucos poderiam imaginar que 2021 seria ainda pior que o ano passado. Em 2020, o Brasil registrou 194.975 mortes por covid. Só nos quatro primeiros meses de 2021, já foram mais de 205 mil. E isso contando apenas com os números oficiais. Pesquisadores apontam que o país já deve ter passado de 514 mil vítimas .
Não é preciso nem dizer que a pandemia está longe de acabar por aqui. Abril foi/está sendo o mês mais letal da pandemia. Uma em cada quatro pessoas que morreram pela doença no Brasil perdeu a vida nos últimos 36 dias.
E, como se diz, winter is coming (e, antes, o dia das mães, a segunda data mais comercial do ano, só perdendo pro natal). Ainda temos um número minúsculo de pessoas que já tomaram as duas doses da vacina (só 7%). Esta semana, cidades de 18 estados tiveram que interromper a aplicação da segunda dose de CoronaVac por falta de vacinas.
Não é o caso de ser fatalista, mas realista: infelizmente, muitos brasileiros ainda vão morrer de covid. Uma pesquisa mostrou que 86% da população conhece alguém que morreu do vírus.
E, como se não fosse suficiente, querem forçar professores não vacinados a voltarem a dar aulas presenciais.
A CPI da Pandemia, ou CPI do Genocídio, como preferimos, vai barrar essa insanidade? Difícil. Mas pelo menos levou o senador Flavio Bolsonaro, bronzeado de sol da sua última viagem de férias, a lamentar que a CPI poderia criar aglomerações e colocar os senadores em risco de contágio.
Estamos num buraco, não há dúvidas. Para especialistas, não é questão de se teremos uma terceira onda, mas quando. Segundo o ex-ministro da Saúde (no governo Dilma) Arthur Chioro, “Se mudanças importantes não forem adotadas, só teremos segurança a partir de meados de 2022, quando enfim 70% da população estará vacinada. Mas, até lá, continuaremos a ser um celeiro de novas variantes e talvez já precisemos de novas doses de reforço, sem que tenhamos garantida a oferta da primeira imunização. Isso tende a prolongar e aprofundar nossa crise, econômica, social e sanitária. Uma lástima que compromete o nosso futuro”.
Outro ex-ministro da Saúde no governo Dilma, do deputado federal Alexandre Padilha lembra que a tragédia não acaba nos 400 mil mortos: “Ainda temos milhões de sequelados que precisarão de um SUS mais forte, milhões que têm outros problemas de saúde, cirurgias que ficaram represadas ao longo de um ano inteiro. Temos milhões de brasileiros que adiaram exames de rastreamento de câncer, diabetes, e irão diagnosticar essas doenças mais tardiamente”.
Nessas horas eu fico sem esperança. Quanto tempo vamos levar para nos recuperar do vírus Bolsonaro? E todas essas vidas perdidas, que não vão voltar mais? O genocida tem que ser responsabilizado e punido com prisão.