No meio da Páscoa e no pior momento da pandemia do Brasil (quase 67 mil brasileiros morreram de covid só em março!), o sinistro do STF Kassio Nunes Marques, escolhido a dedo pelo pior presidente de todos os tempos, resolveu considerar cultos e missas presenciais atividades essenciais .
Assim, as igrejas e templos podem abrir as portas e funcionar em todo o país. Estão livres para juntar muitas almas, contaminar e matar fiéis. Fiéis que provavelmente, antes de se encontrarem mais cedo com o Criador, infectarão mais gente. Inclusive gente que acha que, por Deus ser onipresente, ele pode ser contatado em qualquer lugar, não só numa igreja.
Mas não há consenso sobre esta decisão irresponsável e negacionista. Outro ministro do STF, Gilmar Mendes, confirmou veto a cultos e São Paulo. O tema será discutido no Supremo amanhã.
Só pra efeito de comparação: enquanto padres e pastores insistem em aglomerar fiéis para não perder o dízimo, outro grupo que lucra divinamente com a ausência do Estado, as facções criminosas decidiram proibir bailes. Segundo as facções, o “momento é delicado. Não haverá nenhum tipo de evento na nossa comunidade para evitar a disseminação do vírus e proteger a todos”.
Publico parte da thread que a Comuna de Saia escreveu no seu Twitter.
Por que vocês acham que pastores evangélicos participaram da foto com Bolsonaro no dia em que ele convocou jejum e oração?
E por que logo depois as igrejas foram autorizadas pelo ministro indicado por Bolsonaro a retomarem as atividades presenciais?
A autorização para a retomada das atividades religiosas pelo ministro indicado por Bolsonaro só prova o parasitismo sacerdotal e mostra como a religião sustenta o capitalismo.
Por que liberar a realização de cultos religiosos para “ouvir a palavra” do Senhor presencialmente, sendo que os cultos podem ser realizados e transmitidos pelas mesmas ferramentas que são usadas nas aulas à distância? Por que Deus deve ser ouvido dentro do templo?
Alguém já assistiu a um culto? Já viu como lá as pessoas parecem seduzidas? É porque elas são mesmo. Em um culto, o sujeito é envolvido pela palavra do pastor. Nesse momento de fé, a pessoa sente a magia que acontece e realmente acredita nessa força sentida.
É bem neste momento eles passam a recolher as ofertas, normalmente dinheiro ou bens. Lembram da história do helicóptero do Malafaia cheio de dinheiro? Acontece que à distância a magia não é a mesma .
O indivíduo está sozinho e não tem como o colega, que estaria ao lado dele na igreja, ver quanto ele está ofertando; não vai poder disputar quem é o melhor e mais merecedor das graças de Deus com o outro, oferecendo mais que o colega. O dízimo não é ofertado, a arrecadação diminui.
E quem deixa de ganhar? Quem estaria tão interessado em pressionar o STF para a retomada das atividades presenciais religiosas? Por que a igreja precisa de tanto dinheiro?
Como este dinheiro está retornando em benefício para a sociedade? Este dinheiro não retorna. Igreja não paga IPTU e tem dívidas perdoadas pelo governo. Qual o destino do dízimo? Pagar o pastor? Ou continuar a obra de Jesus, que foi sempre a de ajudar e compartilhar com o seu irmão?
Não se enganem: a igreja, sobretudo a evangélica, está alinhada com o poder de alienação da população. E o governo está alinhado com ela para o mesmo fim.
Povo alienado se conforma. E conformado vira escravo e não reclama.