O reúso de efluentes sanitários tratados é uma das estratégias que serão utilizadas pelas empresas de saneamento para enfrentar, com segurança e sustentabilidade, a crescente carência de água no mundo e os altos custos para buscá-la cada vez mais longe
Na quinta-feira (26), a Embasa apresentou, em webnário, um estudo pioneiro, iniciado em 2019, que avaliou o potencial dessa prática em municípios baianos. O evento atraiu o interesse e contou com a participação de vários representantes de universidades, empresas de engenharia, outras empresas de saneamento, da indústria, agricultura e de órgãos públicos (recursos hídricos, meio ambiente e saúde).
O uso de efluentes de estações de tratamento de esgotos (ETE) para fins não potáveis – como atividades agrícolas, industriais e urbanas e recarga de aquíferos – é ainda incipiente no Brasil e na Bahia, embora o estado esteja bem avançado no aspecto regulatório.
“No cenário atual de escassez hídrica, é essencial construir momentos de reflexão e intercâmbio para discutir alternativas para a gestão e ampliação da oferta de água, uma vez que boa parte do território baiano está localizada no semiárido”, disse Júlio Mota, gerente de Tecnologia Operacional da Embasa.
“O reúso é importante porque responde a uma necessidade de atender com segurança as demandas hídricas das áreas abastecidas nas condições atuais e nas futuras e, ao mesmo tempo, ele permite aperfeiçoar os serviços de esgotamento. O estudo desenvolvido identificou que o interesse em ações de reúso pode ser um impulsionador para expansão do sistema de coleta de esgoto no estado e no Brasil”, explicou Helene Kubler, coordenadora-geral do estudo pelo Consórcio Worley, consultoria internacional contratada no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica (PCT) “Universalização e aperfeiçoamento da prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em áreas prioritárias do Estado da Bahia”, firmado entre a Embasa, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE).
Atualmente, a Embasa opera 134 sistemas de esgotamento sanitário em 103 municípios atendendo a 1,4 milhão de ligações. São 363 estações de tratamento de esgoto. De acordo com o estudo, levando em consideração a vazão dos efluentes tratados pela Embasa (cerca de 5.478 litros por segundo), o potencial de utilização para reúso seria de 1.400 l/s, considerando o ano de 2024. Foi identificado que o maior potencial de reúso agrícola estaria nas regiões do semiárido e oeste baiano, e de reúso industrial na região metropolitana de Salvador. As estações de tratamento com maior potencial atualmente são as de Candeias, Subaé (Feira de Santana), Itaberaba, Vitória da Conquista e Luís Eduardo Magalhães.
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Estratégia empresarial
“No âmbito desse Projeto de Cooperação, vimos a possibilidade de trabalhar uma das iniciativas concebidas pela Embasa em seu planejamento estratégico, que é o de praticar o reúso de modo planejado, abrangente, sistematizado e estruturado para promover uma melhor gestão e preservação dos recursos hídricos do nosso estado”, pontuou o diretor Técnico de de Planejamento da Embasa, César Ramos.
Além do diagnóstico do potencial de reúso de efluente na Bahia, foi elaborado um manual de orientações e práticas de reúso, que contempla, entre outros pontos, os aspectos regulatórios, a infraestrutura necessária para o desenvolvimento do projeto, os protocolos de monitoramento dos efluentes e o fundamental: o estudo de viabilidade. “Também está em fase de análise o termo de referência para estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental de um projeto-piloto de reúso de efluente tratado. A ETE de Vitória da Conquista foi a escolhida, pois dispõe de características que favorecem o desenvolvimento de um projeto com esta finalidade”, disse César.
De acordo com Alisson Brandão, gerente da Unidade de Desenvolvimento Operacional, a Embasa está se preparando para o momento atual, que é de alavancar e aperfeiçoar a prestação dos serviços de abastecimento e esgotamento, juntamente com a obrigação de universalizar.
“A Embasa encara o reúso de efluentes como estratégico. Buscamos um estudo que tivesse como foco estruturar a empresa corporativamente para esse modelo, que já é encarado como uma vertente importante do portfólio das ações de segurança hídrica”, explicou.
“A empresa tem um programa de investimentos para ampliar a cobertura de esgotamento sanitário, já temos sistemas delineados para fazer as ampliações com vistas à oportunidade de reúso, mas também pesará nas nossas decisões todo esse estudo desenvolvido para aproveitar essa janela de oportunidade”, complementou Alisson.
“O estudo gerou benefícios internos, pois vai proporcionar a possibilidade de melhoria nos nossos projetos, que já virão com essa visão do reúso. Vamos procurar parceiros potenciais para viabilizar esses projetos, pois nada se sustenta sem viabilidade econômica, ambiental e social. É importante que nós possamos, com o reúso, obter também recursos para serem investidos no aumento da cobertura de atendimento do serviço de esgotamento sanitário”, esclareceu Júlio Mota.
Fonte: Embasa .
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