IX Encontro Nacional de Comunidades Alternativas, realizado na Fazenda Nova Gokula, entre os dias 27 e 31 de julho de 1985, no município de Pindamonhagaba, em São Paulo. As fotos foram cedidas por Walter Vetillo.
Se você tiver informações sobre o evento e pessoas, comunidade anfitriã ou/e um depoimento sobre sua experiência nesse Enca, por favor, contribua nos comentários do blog ou de cada foto, assim poderemos criar memórias coletivas com visões diversificadas e comuns sobre ele. Ou envie as informações para viviamaralsp@gmail.com
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Conheça mais sobre o evento, que foi o primeiro encontro de comunidades alternativas pós ditadura militar e, segundo o blog Aldeia Planetária , foi “aquele que recebeu maior número de participantes e o que contrapôs mais fortemente duas correntes com visões bem distintas: os ecologistas e ambientalistas “urbanos”, mais politizados, e os comunitários “autênticos”, muitos dos quais ligados a grupos religiosos de variados matizes”.
Leia esse e outros textos sobre o evento:
Alternativos redescobrem Brasil e entram na Nova República
Utopias no Brasil de 1985
Comentários sobre o evento
Mais de mil pessoas, entre técnicos e leigos, participaram do IX ENCA, índice jamais alcançado em realizações anteriores. E os naturalistas puderam experimentar o gosto da vitória. (…) Por todo lado, professores, diretores de escolas, psicólogos e pedagogos analisavam as possibilidades de uma nova estrutura para o ensino no país. (…) Dessas discussões, das quais participaram técnicos enviados pelas Secretarias de Educação de alguns Estados, pelo menos um ponto foi alinhavado: a urgência em levar a preocupação com o meio ambiente para as salas de aulas.
(Juliana Bueno, Shopping News-SP. 4.8.85)
O encontro deste ano evidenciou um amadurecimento visível desde a organização administrativa até a disposição geral de se promover reuniões objetivas mais acordadas com o momento político. Ao contrário dos encontros anteriores, este teve tom mais agressivo na discussão e na escolha de temas abrangentes como reforma agrária ou Constituinte.
(Ary Pararráios, Correio Braziliense, 3.8.85)
Eu preciso dormir! Já estou ficando confusa, é informação demais e não dá mais pra assimilar. Só amanhã de manhã é que eu vou conseguir pensar direito.
(Jornalista da TV Cultura de São Paulo na noite de 30.7.85)
Centenas de barracas estão espalhadas pela fazenda e o frio é de rachar. Comida, só natural: feijão azuki, arroz integral, bardana, raiz de lótus e sopa de legumes. Não é tão fácil assim ser alternativo.
(Hélio Belik, Folha de São Paulo, 29.7.85)
Poesia no ar, um verdadeiro happening – paz, amor, e muito som – herança hippie de tempos passados/presentes. Mas (sempre há um, mas) de experiência alternativa rural, nada. N-A-D-A! Por conta própria (justiça se lhe faça) o Valdo França ativou um trabalho de contenção de encostas. (…) De resto, houve de tudo (…). Uma onda de amor baixou sobre o acampamento e nunca se amou tanto em tão pouco tempo.
(Kriyaban George, Boletim Yoga Ananda, Piatã, BA, outubro de 85)
À tarde reuniram-se os grupos de trabalho – imprensa alternativa, cooperativismo, agricultura ecológica, medicina alternativa, educação alternativa, agrotóxicos e comunidades – e, simultaneamente, diversos cursos aconteciam. (…) Ninguém se conhecia, mas quando se andava pela fazenda e se cruzava com alguma pessoa, era um cumprimento com olhar profundo e a nítida idéia de já conhecê-la de tempos atrás. Era assim com todos. Ali ninguém andava de cabeça baixa e todos conversavam com todos: repasse de informações, experiências, ideias novas, endereços, amizades profundas. (…) Os detentores de títulos (médicos, jornalistas, engenheiros, advogados) ali não os possuíam. Tudo acontecia no mesmo nível. De repente você estava conversando, sentado na grama, com alguma outra pessoa que mais tarde você descobriria ser a escritora daquele livro que você leu a respeito de algo alternativo. Todos estavam iguais e a balança equilibrada, correndo tudo tão puramente lindo. À noite, em volta das fogueiras ou assistindo algum show, mais papos rolavam e a lua cheia dava um toque especial nessas horas.
(Boletim Lua Nova, São Carlos, setembro de 85)
Leia mais: Alternativos: que tribo é essa?