Eu sou Paulo Rená . Há dez anos, fiz parte da equipe que deu início ao Marco Civil da Internet. Hoje sou mestre em Direito , pesquisador e professor universitário . Tenho um recado pra você!
Eu sou um usuário intenso de tecnologia , muito simpático às novidades. E em tempos de isolamento social, as minhas interações sociais e profissionais têm sido ainda mais digitais. Só que a minha privacidade (e da minha família), além da segurança das turmas para quem dou aula, precisa ter a mesma prioridade que a nossa saúde. Por isso nossos happy hours e reuniões online com parentes distantes não acontece pelo Zoom.
De abril de 2019 pra março de 2020, esse app de videoconferências subiu de 10 milhões para 200 milhões de usuários no mundo. Então é provável que você já o tenha usado e conheça muitos dos seus recursos bonitos e bacanas.
Todavia, a segurança do aplicativo é um desastre. A Coalizão Direitos na Rede , a ANPD , o governo da Califórnia (ajuizou uma ação coletiva ), o serviço de inteligência do Reino Unido e o FBI são contra ou não recomendam o Zoom. Isso por uma série de problemas relacionados à proteção de dados e privacidade:
- milhares de chamadas privadas apareceram na internet;
- possível invadir webcams e microfones de computadores da Apple (o tal “zoombombing “);
- o Zoom enviava dados dos usuários iOS ao Facebook;
- participantes das videochamadas acessaram #dados do perfil #LinkedIn de outros usuários;
- é trivial invadir uma chamada alterando o endereço da reunião (uma coletiva de imprensa com imunologistas brasileiros foi tomada por símbolos nazistas).
O pior é que o Zoom mentia sobre ser uma ferramenta segura e tem um discurso bem esquisito de que não vende nossos dados (ele só entrega de graça para outras empresas que podem fazer uma eploração econômica).
A notícia boa é que existem opções mais seguras e mais confiáveis para você enfrentar o seu Corona-Office ou poder fazer a sua ciber-festinha. São bem conhecidos o Hangouts, Signal, Skype, Teams e WhatsApp.
Na universidade em que dou aula, eu uso o Google Meet , como parte da plataforma G Suite . E nas conversas pessoais uso o Jitsi , que além de tudo é recheado de facilidades.
JITSI
O Jitsi e um programa de código 100% aberto que funciona em basicamente todas as plataformas : celulares, tablets e computadores.
Algumas vantagens:
- Sem limite de duração
- Sem limite de participantes
- Sem nesnecessidade de fazer uma conta
- É gratuito
- Código 100% aberto
- Criptografado por padrão na conversa entre duas pessoas*
- Alta qualidade de áudio e vídeo
- Salas podem ser protegidas por senha
- Possibilidade de rodar o seu próprio servidor
- Permite criar endereço de reunião bonito e fácil de lembrar
- Acesso direto via Chrome, Firefox, Safari ou qualquer navegador
* Obs.: em chamadas em grupo, a conexão é criptografada entre cada particpante e o servidor, que trata os dados desencriptados e distribui aos demais participantes, o que o Jitsi aponta ser uma limitação do protocolo WebRTC.
O potencial tecnológico do Jitsi é total. A FSF (Fundação Software Livre) acabou de realizar a LibrePlanet 2020 , uma conferência anual que pela primeira vez foi completamente virtual. E em apenas uma semana montaram um esquema completo de transmissão ao vivo e gravação de vídeos, sem abrir mão da radical liberdade por que tanto prezam.
O ZOOM DISSE TER RESOLVIDO OS PROBLEMAS: EU DUVIDO
Durante a pandemia, o dono do Zoom, Eric Yuan , ficou 4 bilhões de dólares mais rico, e o valor da empresa subiu 15 bilhões.
Diante dos problemas, ele admitiu que a privacidade não era uma prioridade, mas passou a ser. Formou um conselho de segurança e contratou como consultor Alex Stamos.
Mas há um problema nessa escolha : Alex Stamos era chefe de segurança do Facebook durante as eleições presidenciais nos EUA em 2016, quando a Rússia teria usado a rede de Zuckerberg para espalhar desinformação e eleger Donald Trump.
Por Paulo Rená
via Hiperficie
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O post “Os motivos pelos quais eu não uso Zoom, e você tampouco deveria usar” foi publicado em 8th May 2020 e pode ser visto original e diretamente na fonte