A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) , Carissa F. Etienne, convocou nesta terça-feira (16) os países a “trabalharem juntos para fortalecer a resposta à saúde em seus territórios e além-fronteiras” e conter a propagação de casos da COVID-19 entre migrantes e populações vulneráveis nas áreas de fronteira.
As Américas estão se aproximando rapidamente de 4 milhões de casos e a epidemia ainda está acelerando na região com quase 204 mil mortes notificadas pela COVID-19. Atualmente, os Estados Unidos respondem por 54% de todos os casos nas Américas e o Brasil possui 23% de todos os casos. “E não estamos vendo a transmissão desacelerar. Esse é o caso em quase todos os países da América Latina e alguns no Caribe”, enfatizou a diretora da OPAS.
A diretora da OPAS explicou que enquanto a maioria das infecções na região é notificada nas grandes cidades, onde a desigualdade econômica e a densidade populacional alimentam a transmissão, os dados da OPAS mostram uma tendência preocupante em direção à alta transmissão nas áreas de fronteira.
“A maioria das cidades fronteiriças carece de uma infraestrutura de saúde robusta e a qualidade e acesso aos serviços são geralmente baixos. Devido às instalações hospitalares limitadas, estas cidades costumam contar com laboratórios de capacidade também limitada e pequenas clínicas que atendem comunidades em vastas áreas de captação”, afirmou a diretora. O aumento da transmissão da COVID-19 nessas áreas “é motivo de séria preocupação e ação imediata”.
A OPAS também está preocupada com o Haiti e a República Dominicana, que compartilham uma fronteira ativa e continuam notificando um aumento no número de novos casos. A diretora da OPAS mencionou um aumento na transmissão no norte da Costa Rica, na fronteira com a Nicarágua, bem como na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil. Há também um aumento de casos em países vizinhos, como o Suriname. Além disso, há transmissão em curso nos estados do norte do Brasil que fazem fronteira com a Guiana e o Suriname; a região amazônica onde Venezuela, Brasil e Colômbia se cruzam; e as fronteiras entre Peru, Brasil e Colômbia.
A diretora da OPAS ressaltou que a organização está apoiando os países “a combater a propagação da COVID-19 nas áreas fronteiriças, seja estabelecendo uma presença local ou aumentando a capacidade das autoridades locais de saúde”. Citou o aprimoramento das capacidades locais em áreas fronteiriças com escritórios de campo na Amazônia, apoio a migrantes na fronteira Venezuela-Colômbia e o trabalho com parceiros da ONU em um centro de triagem na fronteira Haiti-República Dominicana.
O fortalecimento dos serviços de atenção primária nas áreas de fronteira e o compartilhamento de informações através das fronteiras são etapas importantes que os países podem adotar para melhorar a resposta à COVID-19. Para a diretora da OPAS, as instalações e equipes de emergência são necessárias para apoiar a capacidade local durante a pandemia nas comunidades fronteiriças e entre as populações transitórias. Ela recomendou também que as informações sobre prevenção sejam compartilhadas em idiomas e formatos que várias culturas possam entender.
A diretora da OPAS pediu parceria e cooperação para tratar desta questão na região das Américas e destacou a necessidade de “solidariedade com as comunidades mais afetadas pelo vírus”.
“São migrantes e pessoas que dependem da economia informal todos os dias para sobreviver. Eles estão entre os mais vulneráveis à COVID-19 e os menos propensos a receber cuidados. Temos a responsabilidade de não deixá-los para trás. O estigma e a discriminação em relação aos migrantes e outros grupos vulneráveis à COVID-19 não têm lugar em nossa região. Nem agora, nem nunca, e especialmente em meio a uma pandemia. Conto com todos os Estados-membros para defender esses valores, para que juntos possamos derrotar nosso inimigo comum: a COVID-19”, concluiu a diretora da OPAS.
Considerações feitas pela diretora da OPAS (inglês)
Coletiva de imprensa sobre situação da COVID-19 nas Américas (em inglês)
Fonte
O post “OPAS pede que países contenham propagação da COVID-19 entre migrantes e populações vulneráveis” foi publicado em 17th June 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte ONU Brasil