O grupo dos países mais industrializados do mundo, o G20, precisa responder às numerosas ameaças que a doença provocada pelo novo coronavírus representa para as pessoas em todos os lugares, de acordo com o secretário-geral da ONU.
Numa carta aos membros do Grupo das 20 potências industrializadas (G20), António Guterres elogiou a decisão de convocar uma cúpula virtual de emergência sobre a pandemia, que já afetou a saúde, a educação e as economias em todo o mundo.
“A COVID-19 exigirá uma resposta como nenhuma antes – um plano de ‘guerra’ em tempos de crise humana”, escreveu ele na segunda-feira (23).
“A liderança do G20 tem uma oportunidade extraordinária de avançar com um forte pacote de respostas para enfrentar as várias ameaças da COVID-19. Isso demonstraria solidariedade com as pessoas do mundo, especialmente as mais vulneráveis”.
Suprimir o vírus
Guterres recomendou três áreas para discussão e tomada de decisão na reunião, a ser realizada na quinta-feira (26).
No topo de sua lista está a necessidade de ações coordenadas para suprimir o vírus por meio de “um mecanismo de resposta articulado”, orientado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Esse mecanismo fortaleceria a resposta global e proporcionaria aos países mais recursos para interromper a transmissão: testar, rastrear, fazer quarentena, tratar os doentes e coordenar medidas para restringir movimentos e contatos. Também ajudaria a melhorar a colaboração científica na busca de uma vacina e tratamento terapêutico”, afirmou.
Além disso, ele pediu um aumento nas compras de equipamentos médicos e de proteção, principalmente para os países em desenvolvimento, e ofereceu a rede global de suprimentos da ONU para esse fim.
Os líderes do G20 também foram convidados a proibir tarifas e remover restrições ao comércio transfronteiriço que afetam a mobilização de equipamentos médicos, medicamentos e outros bens essenciais.
“E estou incentivando a renúncia às sanções impostas aos países para garantir acesso a alimentos, suprimentos essenciais de saúde e apoio médico frente a COVID-19. Este é o momento da solidariedade, não da exclusão”, acrescentou o secretário-geral da ONU.
Pacote de estímulo a países em desenvolvimento
Para seu segundo ponto, Guterres visualizou o impacto social e econômico da pandemia, que provavelmente será de trilhões de dólares. Ele instou o G20 a lançar um pacote de estímulo em larga escala para os países em desenvolvimento.
“Ao contrário de 2008, isso não é uma crise bancária”, afirmou. “Embora a liquidez do sistema financeiro deva ser garantida, precisamos nos concentrar nas pessoas – famílias, trabalhadores com baixos salários, pequenas e médias empresas e no setor informal. Medidas importantes já foram tomadas pelos países desenvolvidos nessa direção. Isso deve ser ampliado”.
Além disso, as economias em desenvolvimento também exigirão um pacote de apoio que inclua créditos comerciais, linhas de liquidez e ajude no acesso a financiamentos.
Recuperação melhor por meio do desenvolvimento sustentável
Olhando para o futuro, o chefe da ONU sublinhou a necessidade de “uma melhor recuperação” por meio de modelos de desenvolvimento mais inclusivos e sustentáveis.
A pandemia serviu como um “lembrete severo” do destino comum da humanidade e da necessidade de investir em serviços públicos essenciais e sistemas de proteção social.
Ele lembrou aos líderes do G20 a estrutura global acordada para ação por meio da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.
“Devemos garantir que a estratégia de recuperação desta crise nos mantenha no caminho desses objetivos de longo prazo, construindo uma economia sustentável e inclusiva”, afirmou.
Guterres também pediu aos países do G20 que “contribuam generosamente” para o apelo humanitário frente à COVID-19 que ele lançará nesta quarta-feira (25), principalmente focado em 40 países onde os sistemas de saúde são mais vulneráveis.
Fonte
O post “G20 tem a chance de ampliar fortemente combate ao coronavírus, diz chefe da ONU” foi publicado em 25th March 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte ONU Brasil