O IBGE encerrou, na sexta-feira (13), a coleta da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), iniciada em 26 de agosto do ano passado . Cerca de 1.500 agentes de pesquisa visitaram mais de 100 mil domicílios em aproximadamente dois mil municípios do país, para fazer um retrato da saúde e do bem-estar da população brasileira.
A PNS investiga a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e quantifica a população com incapacidades físicas. Outros indicadores importantes são relativos ao estilo de vida (sedentarismo, tabagismo, dieta, consumo de álcool) e à saúde bucal.
Maria Lucia Vieira, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, explica que, após a coleta, inicia-se a fase de análise e de construção dos indicadores para ter a primeira divulgação temática, atenção primária à saúde, em 31 de julho deste ano.
“A PNS terá entre quatro e cinco divulgações de resultados, duas em 2020 e as demais até o final do primeiro semestre de 2021. O segundo tema previsto será sobre Doenças Crônicas e Estilos de Vida, a ser divulgado em outubro. O terceiro deverá ser Indicadores de Saúde e Mercado de Trabalho, com previsão de divulgação em dezembro. Os dois últimos temas ainda estão sendo definidos”, enumera Maria Lucia.
Além de avaliar dados relativos à saúde dos cidadãos, pela primeira vez uma pesquisa domiciliar incluiu, em escala nacional, um módulo de perguntas que ajudam na avaliação da qualidade dos serviços de atenção primária à saúde . Esse levantamento permitirá, também, comparações internacionais.
A PNS foi a campo pela primeira vez em 2013, resultando em quatro divulgações temáticas entre dezembro de 2014 e junho de 2016. Mas o IBGE já vinha conduzindo um ciclo de investigações realizadas a cada cinco anos, desde 1998, com os suplementos de saúde da antiga Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que será inserida na PNAD Contínua.
A PNS 2019 incluiu novas questões, como paternidade, participação masculina no pré-natal, atividade sexual e condições de trabalho. A pesquisa também investiga se os moradores sofreram algum tipo de violência e monitora a realização de exames preventivos. Foram coletados ainda os dados antropométricos – peso e altura – de um dos moradores dos domicílios visitados, para detectar a incidência de obesidade e estabelecer as medianas de peso e altura da população.
“A previsão é de que a pesquisa seja realizada a cada cinco anos com detalhamento de Brasil, grandes regiões, unidades da federação, regiões metropolitanas e capitais para alguns indicadores”, acrescenta Maria Lúcia.
Parcerias com Ministério da Saúde viabilizam pesquisas na área
Eduardo Marques Macário, diretor de análise de saúde e vigilância de doenças não transmissíveis do Ministério da Saúde, informa que, em 2018, foi firmado convênio entre o ministério e o IBGE para financiar a PNS e a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que iniciou sua coleta em abril do ano passado e tem previsão de divulgação para o segundo semestre deste ano.
“A PNS é uma pesquisa fundamental para o Ministério definir políticas públicas, por meio de uma série de indicadores que monitoram a situação da saúde. Além disso, gera dados a serem enviados para a Organização Mundial da Saúde (OMS), em especial sobre os fatores de risco relacionados a doenças crônicas não transmissíveis, que representam cerca de 70% das causas de mortalidade em todo o mundo”, explica Macário.
Agora, por meio de um novo convênio assinado com o Ministério da Saúde em dezembro de 2019, estão programadas mais três pesquisas no setor de saúde. O Ministério vai repassar ao IBGE R$ 30 milhões para a elaboração de novos módulos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), além da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) e da Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS).
“A partir da cooperação com o IBGE, vamos usar a expertise do instituto em fazer coletas domiciliares, para ter dados disponíveis periodicamente a fim de subsidiar tanto a formulação como a implementação das políticas públicas do ministério”, destaca Caroline Martins, secretária-adjunta de atenção primária à saúde do Ministério da Saúde.
O que vem por aí
Maria Lucia Vieira, do IBGE, informa que a PNAD Contínua terá dois suplementos. O primeiro, de Atenção Primária à Saúde, será coletado em todos os domicílios da PNAD Contínua no terceiro trimestre. O foco será o atendimento a crianças menores de 13 anos. O segundo módulo, Desenvolvimento Infantil, vai avaliar aspectos relacionados a quatro domínios: capacidade motora, cognitiva, de linguagem e socioemocional de crianças de dois a três anos.
“O primeiro módulo é voltado para os cuidadores de menores de 13 anos. Queremos avaliar a qualidade da atenção primária a partir de um inquérito com a população para avaliar a oferta, o acesso e a integralidade do atendimento”, explica Caroline Martins. “O segundo suplemento, voltado para crianças de 24 a 36 meses, visa a ter um instrumento validado e um diagnóstico do desenvolvimento infantil com o objetivo de mapear a demanda para a formulação de políticas públicas da primeira infância”.
O IBGE também realizará a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), em convênio com o Ministério da Saúde. A PNDS teve edições em 1986, 1996 e 2006, mas é a primeira vez que ela é conduzida pelo IBGE. A nova edição vai atualizar as informações e fornecer dados e indicadores relevantes para o contexto da saúde da mulher e da criança. “A análise será estendida para crianças de até cinco anos e vai investigar as condições das mulheres, com foco em reprodução, amamentação e saúde nutricional”, acrescenta Caroline.
O terceiro convênio, a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS), teve a última edição realizada há 11 anos. Vânia Maria Pacheco, gerente de estudos e pesquisas sociais no IBGE, informa que AMS realiza um levantamento dos estabelecimentos de saúde com e sem internação, avaliando equipamentos e recursos humanos.
“O objetivo do Ministério da Saúde é conhecer seus estabelecimentos. A pesquisa será realizada em três anos, começando pela atualização cadastral. Em 2022, serão levantados os estabelecimentos com internação e em 2023 os sem internação, mas ainda não há previsão de divulgação”, diz Vânia Pacheco.
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O post “IBGE conclui coleta da PNS e prevê novas pesquisas de saúde” foi publicado em 18th março 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Home