Na última década, as taxas de assassinatos de jovens no Brasil cresceram 17%. Quase metade do total de homicídios do país em 2018 (56 mil) corresponde à morte de homens negros, com idade entre 15 e 29 anos. Os dados foram compilados no estudo “Prevenção da violência juvenil no Brasil: uma análise do que funciona”, produzido pelo Instituto Igarapé com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) .
Os autores do diagnóstico, Robert Muggah e Ana Paula Pellegrino, alertam que, para reduzir a violência, é necessário ampliar as oportunidades para pessoas jovens por meio de investimentos em educação e empregabilidade equitativos e capazes de desafiar estereótipos de identidade e raça. O foco deve ser dado às regiões menos assistidas pelas políticas públicas. Além disso, é recomendada a redução do acesso às armas de fogo.
O levantamento aponta que os negros têm 2,5 vezes mais chances de serem vítimas de assassinato do que os não negros. Entre 2006 e 2016, os homicídios entre negros subiu 23,1%, enquanto entre os não negros houve queda de 6,8%. Os jovens negros são também as principais vítimas de violência policial.
Além da desigualdade racial, a desigualdade territorial e socioeconômica também é lembrada no estudo, uma vez que os indicadores mostram que a exposição à violência é maior em áreas sem serviços públicos, com presença de grupos do crime organizado e pronta disponibilidade de armas de fogo.
Com evidências de que, para cada 1% de aumento nas armas de fogo, há um aumento de 2% nos homicídios, o levantamento reforça que a solução não passa por programas de armamento.
Por último, o estudo sugere a ampliação de políticas sociais e econômicas que são comprovadamente efetivas, que fortaleçam a proteção de jovens em situação de risco, inclusive programas que incentivem a participação juvenil no empreendedorismo.
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