Quando Souzda escapou da morte em Afrin, norte da Síria, pensou que estava deixando para trás mais do que sua casa . A jovem de 22 anos estudava música e tinha esperanças de um dia se tornar cantora, mas as bombas que a obrigaram a partir também ameaçaram destruir seus sonhos.
Chegando à capital do Líbano, Beirute, Souzda não apenas encontrou segurança, mas também a chance de reavivar suas ambições musicais. Desde o início deste ano, ela escreve, compõe e grava músicas com o produtor e cantor norte-americano Jay Denton, como parte de um álbum que ele está produzindo em colaboração com refugiados no Líbano.
“Jay me deu esperança”, diz Souzda, sorrindo enquanto ensaia uma música com ele em Beirute. “Sim, a guerra existe e eu estou fora do meu país, mas há esperança de eu continuar no caminho da música.”
Denton, músico de Dallas, Texas, que estudou relações internacionais e viajou pelo mundo, afirma acreditar que a música tem o poder de conectar pessoas de todas as tribos. Equipado com um estúdio de gravação móvel com o qual ele normalmente viaja, Denton foi ao Líbano para gravar um álbum com refugiados.
“Quando me sentei com eles pela primeira vez, disseram que uma das coisas mais difíceis da vida aqui é sentir que não têm voz”, diz Denton. “Venho para criar arte, com a esperança de que seja algo em que eles sintam ter uma voz que é ouvida pelo resto do mundo e uma plataforma para canalizar suas experiências.”
Denton está trabalhando com um grupo de mais de dez sírios e um refugiado iraquiano, compondo e gravando várias músicas.
Atualmente, o Líbano abriga cerca de 920 mil refugiados do conflito no país vizinho, a Síria, além de mais de 14 mil refugiados do Iraque.
“Algumas músicas são mais sobre o sentimento geral de como é estar longe de casa”, explica ele. “Algumas são sobre ter esperança em meio a tempos difíceis.”
Souzda escreveu e gravou uma música em curdo sobre sua cidade natal, Afrin, onde uma escalada nos combates – principalmente no início de 2018 – levou mais de 150 mil pessoas a abandonarem suas casas.
A música aborda temas de guerra e tristeza, mas também de esperança. “Eu queria que as pessoas, o meu povo, quando nos ouvissem sentissem que a vida não acabou, ainda há esperança e, desde que você tenha vontade, poderá produzir algo aonde quer que vá”, explica.
Assim que ele terminar de gravar música com os refugiados em Beirute, Denton voltará para Los Angeles, onde mora, para terminar o álbum em colaboração com vários artistas norte-americanos. Ele planeja lançar o disco no início do próximo ano. Diz esperar replicar a experiência em outras regiões do mundo que também testemunham grandes deslocamentos.
Souzda declara que a música foi o que a fez seguir em frente durante os conflitos e deslocamentos. “Música é a língua com a qual posso me expressar. Posso expressar minha dor, minha alegria, posso falar por meio da música. É o idioma mais próximo do coração das pessoas.”
A letra da música expressa o desejo e a esperança que Souzda sente por um futuro melhor para sua terra natal. “Amanhã não haverá tristeza. Amanhã haverá mais esperança. Não importa o quão longe possa parecer, definitivamente veremos a paz.”
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