Hoje, 14 de março, faz três anos que a vereadora Marielle Franco, do Psol do Rio, e seu motorista, Anderson Gomes, foram barbaramente executados (arte acima de Cris Vector : #3anosSemRespostas e #QuemMandou MatarMarielle).
O crime segue impune, mas as fake news continuam a todo vapor. No começo do mês , uma desembargadora que espalhou fake news sobre Marielle na mesma semana do assassinato, foi absolvida pelo Superior Tribunal de Justiça. Para o STJ, como ela publicou uma retratação na internet antes do julgamento, tudo bem, processo anulado (lembre-se disso na próxima vez que você for processada).
Para a estudante de Educação Física Luyara Santos , filha única de Marielle, o feminicídio de que sua mãe foi alvo representa um ataque à democracia: “Uma mulher preta é assassinada, e isso fica sem punição”. Revoltada com a absolvição da desembargadora, lamenta que haja “pessoas querendo apagar todo o trabalho que ela havia construído. Temos que repetir o óbvio todo dia”.
Anielle Franco , irmã de Marielle, conta: “É inadmissível que depois de três anos a gente tenha que explicar que Marielle não merecia ter morrido por ser de esquerda”.
Hoje deputada federal, Talíria Petrone (Psol-RJ) era amiga de Marielle. Recebia ameaças quando era vereadora em Niterói (entre 2016 e 2019), e continua recebendo hoje, além de ofensas racistas. Em junho do ano passado, Talíria teve que se mudar de Estado ao ser informada pela Polícia Civil do RJ que mais de cinco gravações planejando o seu assassinato haviam sido interceptadas. Ela lembra ainda da participação de Bolso “nessa máquina de ódio, que conta, inclusive, com dinheiro público, com um investimento internacional na produção sistemático de fake news. Isso é um ataque frontal à democracia”.
Como diz a deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ), que entrou para a política junto com Marielle, no Complexo da Maré, “Marielle encarnava várias das vulnerabilidades do corpo ‘matável’ da nossa sociedade, que é o da mulher preta, pobre, favelada, LGBT. Foi um feminicídio político. Um aviso geral: ainda que você ultrapasse todas as barreiras, estude, se forme, trabalhe, se torne parlamentar, isso não te livra de ser assassinada”.
Já o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), amigo de Marielle, encontra um motivo para otimismo: “O assassinato da Marielle foi no ano da ascensão de uma extrema-direita que traz à superfície um Brasil racista, machista, homofóbico, que conviveu com a tortura. O Brasil do linchamento, do justiçamento. A gente viu pessoas rasgando a placa com o nome da Marielle, mas agora quem fez isso está preso, deixou de ser governador. A história se sobrepõe”. Ele se refere ao deputado marombado Daniel Silveira (PSL-RJ) e ao governador Wilson Witzel (PSC).
Outro motivo para otimismo é o funcionamento do Instituto Marielle Franco , “uma organização sem fins lucrativos, criada pela família de Marielle, com a missão de inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário”. O instituto, hoje um importante pólo de ativismo, luta por justiça, defende a memória de Marielle, realiza ações para multiplicar seu legado, e trata de “regar as sementes”.
Uma das sementes é a arquiteta Monica Benicio , viúva de Marielle, que se elegeu vereadora no Rio pelo Psol nas últimas eleições. Ela declarou no seu Twitter : “Hoje completam 3 anos que Marielle foi arrancada daqui, de mim, da gente. […] Marielle foi homenageada numa placa de metrô em Buenos Aires, numa praça de Paris, em um lugar na Itália, etc. No Brasil são incontáveis as placas e murais colocados e feitos por tanta gente. São muitas homenagens, pois Marielle é gigante!”
As perguntas são as mesmas: quem mandou matar Marielle? E por quê? Ou, se preferir, quem mandou o vizinho de Jair Bolsonaro matar Marielle?
O post “3 ANOS SEM RESPOSTAS PARA A EXECUÇÃO DE MARIELLE” foi publicado em 14th March 2021 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva